Dados do Trabalho


Título

Análise do perfil de anemia dos pacientes com Doença Renal Crônica não dialítica admitidos em um ambulatório de Nefrologia

Introdução

A Anemia na Doença Renal Crônica (DRC) ocorre principalmente pela produção inadequada de eritropoetina (EPO), mas outros fatores podem contribuir, estando associada com maior morbimortalidade cardiovascular na DRC. O objetivo do trabalho foi avaliar e comparar o perfil clínico laboratorial de pacientes admitidos no ambulatório da Nefrologia com e sem anemia.

Material e Método

Avaliamos de forma retrospectiva pacientes com DRC admitidos no serviço ambulatorial de Nefrologia entre 2010 e 2018, que apresentavam exames de função renal, perfil osteometabólico, hemograma, ferro e ferritina. Os critérios de exclusão foram óbito ou início de diálise em até 90 dias da admissão. Analisamos hemograma completo, ureia, creatinina, sódio, potássio, etiologia da DRC, perfil lipídico e glicêmico a partir dos prontuários dos pacientes. Foi realizada a análise de frequências para variáveis categóricas e comparação de médias e desvio padrão para variáveis quantitativas em grupos independentes. O nível de significância (p) adotado foi de p<0,05. Anemia foi definida como hemoglobina (Hb)<13,0g/dL para homens e Hb<12,0g/dL para mulheres.

Resultados

Observamos 452 pacientes, sendo 196 com anemia e 256 sem anemia. As principais causas de DRC foram Hipertensão arterial, Diabetes Mellitus e Glomerulonefrite crônica. Verificamos que 57% do grupo sem anemia e 50% do grupo com anemia eram masculinos. O grupo anemia apresentou menor taxa de filtração glomerular (TFG) (29.8±13.3; 37.8±13.9mL/min; p<0.001), HB (11.1±1.2; 14.0±1.3g/dL; p< 0.001), ferro (69.1±2.9 ; 83.4±3.3; p=0.002) e CHCM (32.6±1.4; 33.4±1.2; p<0,001). Observamos maiores valores de RDW (12.5±1.6; 11.9±1.2%; p=0.002), PTH (169.7±14.2; 133.1±9.3; p=0.02) e ureia (91.7±2.7; 70.8±1.8; p<0,001) no grupo anemia.

Discussão e Conclusões

No estudo, nota-se que pacientes admitidos com anemia apresentavam nível sérico menor de ferro e HB, associados com redução da TFG e aumento da ureia, provavelmente relacionado a um estado de deficiência funcional de ferro e à alteração na produção de EPO com a progressão da DRC. Além disso, os níveis séricos de PTH eram maiores nos pacientes com anemia na admissão, apresentando maior nível de disfunção osteometabólica associada a essa condição.
Conclui-se que pacientes admitidos em um Ambulatório especializado para DRC, há elevada frequência de anemia. Isso ocorre com maior frequência em pacientes com menor TFGe e nível sérico de ferro, mas maior nível sérico de PTH, sugerindo DRC mais avançada, além de deficiência de ferro e distúrbio no eixo PTH.

Palavras Chave

Anemia, DRC, comorbidades

Área

Doença renal crônica

Instituições

Escola Paulista de Medicina (EPM/UNIFESP) - São Paulo - Brasil

Autores

ANDRE KIYOSHI MIYAHARA, BRUNO PELLOZO CERQUEIRA, JÚLIA FERREIRA ROCHA, PEDRO HENRIQUE MORETTI PEPATO, ALEXANDRE VIZZUSO OLIVEIRA, VINICIUS CAVALCANTI DINIZ, JOÃO VITOR BOZZA MAIA, MARIA AMELIA AGUIAR HAZIN , PATRÍCIA ABREU, MARIA EUGÊNIA CANZIANI, MIGUEL ANGELO GOES