Dados do Trabalho
Título
Perfil epidemiológico de pacientes renais crônicos, em hemodiálise, com e sem diabetes mellitus do tipo 2, em uma unidade de hemodiálise.
Introdução
A doença renal crônica (DRC) afeta de 7 a 10% da população mundial, sendo a idade um importante fator de risco. As principais etiologias da DRC são o diabetes mellitus (DM) e a hipertensão arterial sistêmica (HAS). Objetivamos descrever, comparativamente, o perfil epidemiológico de pacientes renais crônicos, em hemodiálise, com e sem diabetes mellitus do tipo 2 (DM2), tanto como etiologia da DRC, quanto como comorbidade associada à outra etiologia.
Material e Método
Estudo observacional, retrospectivo, transversal, unicêntrico, com pacientes admitidos em uma unidade de hemodiálise de um hospital universitário. Utilizamos o teste qui-quadrado de Pearson e o teste-t no programa SPSS Statistics Versão 21.0. Valor de p<0,05 foi considerado significante.
Resultados
Incluímos 133 pacientes, sendo que 34,6% (n=46) apresentavam DM2. Destes 46 pacientes, 58,7% tinham DM2 como causa da DRC, enquanto que o DM2 foi encontrado como comorbidade em 13% dos pacientes com DRC de etiologia indeterminada, 8,7% com DRC secundária à HAS e 8,7% com DRC secundária a glomerulopatias. Nos não-diabéticos, a etiologia da DRC foi glomerulopatia (21,8%), HAS (21,8%), indeterminada (14,9%) e lúpus (11,5%). A média da idade dos diabéticos foi maior em comparação aos não-diabéticos (61,3±12,5 vs 48,5±18,2 anos, p=0,001). Diabéticos apresentavam maior prevalência de HAS do que os não-diabéticos (89,1% vs 70,1%, p=0,014) e faziam uso prévio de iECA ou BRA mais frequentemente (60,5% vs 41,5%, p=0,043). Quanto a outras variáveis quantitativas (número de comorbidades, diurese residual, Hb, creatinina, taxa de filtração glomerular, ureia, Na, K, Cai, P, pH, bicarbonato e FAL) e qualitatitvas (sexo e raça), não encontramos diferenças estatisticamente significantes entre os grupos.
Discussão e Conclusões
Pacientes diabéticos eram mais velhos, o que pode ser explicado pelo fato do DM2 apresentar maior prevalência com o envelhecimento. HAS e uso de iECA ou BRA também foram mais frequentes nos diabéticos. Este achado é de suma importância, uma vez que o DM2 está associado a altas taxas de eventos cardiovasculares e a utilização daquelas medicações, que são nefro- e cardioprotetoras, pode contribuir para preservar a função renal residual, controlar a pressão arterial e diminuir a mortalidade.
Conclui-se que pacientes diabéticos em hemodiálise são mais velhos e hipertensos, de modo que o uso de iECA ou BRA deve ser encorajado nesta população para redução da morbimortalidade.
Palavras Chave
Hemodiálise; Doença renal crônica: Diabetes mellitus
Área
Doença renal crônica
Instituições
Universidade Federal de São Paulo / Escola Paulista de Medicina - São Paulo - Brasil
Autores
JÚLIA FERREIRA ROCHA, BEATRICE BORGES SATO, ALEXANDRE VIZZUSO DE OLIVEIRA, GABRIELA MININEL DE MEDEIROS, CAIO OLIVEIRA BASTOS, JONATAS LOURIVAL ZANOVELI CUNHA, GÉSSIKA MARCELO GOMES, IGOR GOUVEIA PIETROBOM, GABRIEL TEIXEIRA MONTEZUMA SALES, ÉRIKA BEVILAQUA RANGEL