Dados do Trabalho


Título

NA AUSENCIA DE ANTICORPOS ESPECIFICOS CONTRA O DOADOR, O NIVEL DE SENSIBILIZAÇAO ANTI-HLA NAO ESTA ASSOCIADO COM REJEIÇAO AGUDA EM RECEPTORES DE TRANSPLANTE DE RIM.

Introdução

O nível de sensibilização HLA, avaliado pelo PRA, é considerado um marcador de risco imunológico, entretanto com técnicas mais sensíveis para sua avaliação é possível que, na ausência de anticorpos anti-HLA específicos contra o doador (DSA), essa associação não seja evidente. O objetivo do estudo foi avaliar o impacto da sensibilização HLA, na ausência de DSA, nos desfechos de receptores de transplante de rim (TxR).

Material e Método

Coorte de centro único com 648 TxR transplantados entre 2015 e 2019, dos quais 162 foram excluídos por apresentarem DSA pré-transplante. Desfechos: rejeição aguda (RA) e taxa de filtração glomerular (TFG, CKD-Epi). Tempo de acompanhamento: até 1 ano após o TxR. Os pacientes foram estratificados em três estratos de PRA calculado (PRAc): 1-50% (n= 287), >50-80% (n=121) e >80% (n=78). Análise multivariada para RA foi realizada por regressão de Cox e a performance do PRAc para predizer RA por área sobre a ROC (AU-ROC).

Resultados

Os pacientes tinham 47 anos, 60,7% eram mulheres e 50% brancos; o tempo em diálise foi 37 meses, 15,8% eram candidatos a retransplante, e 2,9% eram priorizados. A mediana de PRAc foi 42% (16-70). Os doadores tinham 48 anos e 82,3% eram falecidos; as frequências de zero mismatches (MM) nos loci A, B e DR foram 26,8%, 24,5% e 77,7%, respectivamente. Todos receberam dose única de 3,0 mg/kg de timoglobulina e a manutenção com prednisona (100%) e tacrolimo e micofenolato (TAC+MPS) em 70,4%. Houve diferenças nos estratos de PRAc >0-50%, >50-80% e >80%, respectivamente: frequência de mulheres (48 vs. 76 vs. 78%, p<0,001) e retransplante (10,8 vs. 17,4 vs. 32,1, p<0.001); tempo em diálise (36 vs. 34 vs. 58 meses, p=0,001); frequência de zero MM nos loci A (22 vs. 28,9 vs. 41,0%, p=0,009), B (19,2 vs. 25,6 vs. 42,3%, p<0,001) e DR (71,7 vs. 83,5 vs. 91%, p=0,001); e de TAC+MPS (58,9 vs. 88,4 vs. 84,6%, p<0,001). A incidência global de RA foi de 11,5%, similar nos três estratos de PRAc: 10,5 vs. 12,4 vs. 14,1% (p=0,63). Na análise multivariada, o PRAc não esteve associado com RA, inclusive quando avaliado como covariável linear. A AU-ROC do PRAc para predizer RA foi 0,53 (IC95%= 0,45-0,61; p=0,46). Por fim, a TFG em um ano foi similar nos três estratos de PRAc: 48,4 vs. 43,8 vs. 46 mL/min/1,73m2 (p=0,23).

Discussão e Conclusões

Entre TxR sensibilizados, mas sem DSA pré-transplante, o nível de sensibilização anti-HLA avaliado pelo PRAc não está associado com RA ou função renal em até um ano de seguimento após o transplante.

Palavras Chave

transplante renal, PRA calculado, rejeição aguda

Área

Transplante

Instituições

Hospital do Rim - Fundação Oswaldo Ramos - São Paulo - Brasil

Autores

YASMIM C DREIGE, ANDRE AMANCIO ALMEIDA, MONICA RIKA NAKAMURA, RENATO D FORESTO, LAILA ALMEIDA VIANA, RENATO DE MARCO, MARIA GERBASE DELIMA, HÉLIO TEDESCO-SILVA, JOSE MEDINA-PESTANA, LÚCIO REQUIAO-MOURA