Dados do Trabalho


Título

PRURIDO UREMICO E TRATAMENTO COM HEMODIALISE EXPANDIDA - RELATO DE CASO

Relato do Caso

Introdução: O prurido urêmico é uma complicação comum nos pacientes em hemodiálise (HD) crônica, presente em 18% dos casos, impactando na qualidade de vida, no entanto, é subestimado por 80% dos médicos.
Relato de caso: A.J.B.S, masculino, branco, doença de base: bexiga neurogênica (meningomielocele), iniciou HD em março de 2018. Realiza HD por 4 horas, 3 x semana, por fístula arteriovenosa, dialisador de alto fluxo, fluxo de sangue 350 ml/min com Kt/V > 1,4 e sem alterações relevantes nos exames laboratoriais.
QP: Prurido generalizado há mais de 4 anos.
Paciente refere prurido generalizado (mãos, face, tronco, membros), com início cerca de 8 meses após o início de HD, de alta intensidade, associado à agitação, ansiedade e insônia, sem fator de melhora. Apresentou lesões escoriativas e liquenificadas pelo corpo. Foram realizadas consultas dermatológicas e prescritos tratamentos com cremes hidratantes, antialérgicos, corticoide tópico e oral sem melhora, realizadas biópsias sem esclarecimento do quadro. Paciente necessitou de internação por infecção secundária em 2020.
Em 2022 devido a refratariedade do prurido, foi iniciado o tratamento de HD expandida (HDx) com membranas de medium cutoff por 3 meses e aplicado no paciente o WI-NR score: escala que avalia o prurido em 24 horas, sendo nota 0 a ausência e nota 10 o prurido insuportável.
Ao avaliar o período em que foram utilizados diversos medicamentos orais e tópicos, o paciente atribuiu nota 9 ao prurido. Porém, ao final de 3 meses da HDx o paciente atribuiu nota 2. Um mês após o término da HDx, o prurido retornou com intensidade 10. Foi iniciado tratamento com Gabapentina 300 mg por 3 x na semana pós-HD, com nota 8, e aumentada a dose para 300mg diário, com nota 5.
Discussão: O prurido em pacientes em HD pode estar relacionado ao acúmulo de toxinas urêmicas que não são eliminadas por métodos dialíticos convencionais. Essas moléculas médias e grandes estão associadas a reações inflamatórias, estresse oxidativo e disfunção endotelial. Os dialisadores com membranas de médium cutoff possuem maior permeabilidade e transporte convectivo, podendo potencialmente melhorar a remoção dessas moléculas, reduzindo assim o estado inflamatório e consequentemente o prurido.
Conclusão: Nesse caso de prurido refratário crônico, a HDx foi o tratamento que apresentou melhor resultado. Porém, esse tipo de terapia ainda não está disponível no SUS, limitando sua utilização.

Palavras Chave

Palavras chaves: diálise, prurido, membranas de Medium cutoff, hemodiálise expandida

Área

Doença renal crônica

Instituições

Hospital de Base - São Paulo - Brasil

Autores

FERNANDA BIROLLI MARTINS, BRUNO GUARDIA BARROS, WILLIAN FRANCISCO NOVAES, PRISCILLA MAIRA COSTA SANTOS, ANNE CAROLINE SILVA MENEZES, GABRIELA MARIA COSTA FERREIRA, FERNANDA SALOMAO GRAYBE POLACCHINI