Dados do Trabalho


Título

ESTUDO PARA VALIDAÇAO DO KIDNEY DONOR PROFILE INDEX EM RECEPTORES DE TRANSPLANTE RENAL EM UMA POPULAÇAO BRASILEIRA

Introdução

O Kidney Donor Profile Index (KDPI) é utilizado no sistema de alocação nos Estados Unidos e já foi validado em diversos países. O objetivo do estudo foi validar o escore KDPI para a população brasileira com avaliação de sobrevida do enxerto em 5 anos.

Material e Método

Estudo do tipo coorte histórica, de centro único, incluiu 1807 transplantes com doador falecido, com tempo de seguimento de 5 anos. Os receptores foram divididos em 3 grupos, conforme faixas de KDPI (0-35%; 36-85%; 86-100%). Foi utilizado o modelo de regressão logística para análise de múltiplas variáveis. A probabilidade preditiva KDPI para perda de enxerto em longo prazo foi estimada pela área sob curva ROC (AUC). Três modelos adicionais foram construídos por regressão de Cox a fim de aumentar a capacidade preditiva para perda do enxerto, incluindo KDPI (modelo 1), critério UNOS (modelo 2) e características de doadores (modelo 3). Na última etapa de cada modelo, as variáveis ​​selecionadas foram tempo em lista de espera e rejeição para os três modelos, e KDPI para o modelo 1, doador de critério expandido (vs. padrão) para o modelo 2 e idade do doador e causa de morte encefálica para o modelo 3.

Resultados

O KDPI apresentou uma baixa capacidade discriminatória para avaliar a sobrevida do enxerto em 5 anos, com área sobre a curva ROC de 0,575 (IC95% = 0,544-0,606; p<0,001). O mesmo desempenho foi observado para sobrevida do enxerto censurado óbito, com área sobre a curva ROC de 0,580 (IC95% = 0,544-0,617; p<0,001). Como esperado, no grupo KDPI>85%, os doadores eram mais idosos, as incidências de hipertensão e diabetes e a causa de morte cerebrovascular eram maiores. Tanto a taxa de filtração glomerular estimada (41,1 vs. 30,9 vs. 17,1 ml/min/1,73m²; p<0,001) quanto a sobrevida do enxerto em 5 anos (82,3% vs. 75,8% vs. 68,0%; p,0,001) foram menores conforme o aumento do KDPI. Os modelos construídos obtiveram desempenho comparável para prever a sobrevida do enxerto: modelo 1-KDPI com AUC de 0,801 (IC 95%=0,775-0,827; p<0,001), modelo 2-DCE com AUC de 0,820 (IC 95%=0,794-0,840; p<0,001) e modelo 3-variáveis do doador com AUC de 0,795 (IC95%=0,770-0,820; P<0,001).

Discussão e Conclusões

O aumento do KDPI está associado à menor sobrevida do enxerto e TFGe em 5 anos. Esses resultados permitem a validação externa do escore KDPI em uma população brasileira, apesar de limitações na precisão como ferramenta preditora desses desfechos em nossa população.

Palavras Chave

transplante renal; doador falecido; KDPI; sobrevida; função renal.

Área

Transplante

Instituições

Hospital do Rim - São Paulo - Brasil

Autores

RENATO DEMARCHI FORESTO, BIANCA CRISTINA CASSÃO, MARIA AMELIA AGUIAR HAZIN, ANA PAULA AQUINO MORAIS, JOSÉ MEDINA PESTANA, LÚCIO REQUIÃO-MOURA, HELIO TEDESCO-SILVA