Dados do Trabalho


Título

IMPACTO DO TEMPO EM DIALISE NOS DESFECHOS CLINICOS EM RECEPTORES DE TRANSPLANTE RENAL HLA-IDENTICO

Introdução

O tempo prolongado em diálise está associado a piores desfechos cardiovasculares e menor sobrevida do enxerto e do paciente após o transplante renal, com os melhores resultados obtidos pelo transplante preemptivo. O objetivo deste estudo é avaliar se o tempo em diálise impacta os desfechos clínicos em receptores de transplante renal HLA idêntico.

Material e Método

Estudo de coorte em centro único brasileiro incluindo 589 receptores de transplante renal de doador vivo HLA idêntico entre 1999 e 2016 com seguimento de 5 anos. Pacientes foram estratificados conforme tempo em diálise: ≤12 meses (n=263, incluindo preemptivo) e >12 meses (n=326). O desfecho principal foi a taxa de filtração glomerular (TFG) ao final de 5 anos pós-transplante, estimada pela equação CKD-Epi. Os desfechos secundários foram rejeição aguda, perda do enxerto e óbito, analisados por curva de Kaplan-Meier. As variáveis associadas com TFGe em 5 anos foram investigadas por regressão linear.

Resultados

O tempo mediano em diálise foi de 15 meses e 9,2% dos transplantes foram preemptivos. A idade dos receptores foi de 41 anos, 59% homens e 58% brancos. A idade do doadores foi de 40 anos, 46% homens e 58% brancos. Dentre os grupos, a incidência de receptores (66 vs. 51%; p<0,001) e doadores brancos (68 vs. 50%; p<0,001) foi maior no grupo ≥12 meses. Nenhum paciente recebeu terapia de indução, 99,8% permaneceu com prednisona e o regime imunossupressor predominante foi ciclosporina e azatioprina, mais frequente no grupo ≥12 meses (86% vs. 92%; p=0,003). A TFGe em 5 anos foi semelhante (60,2 vs. 59,1 mL/min/1,73m²; p=0,82). Na regressão linear, a TFGe em 5 anos associou-se com a idade do doador (B= -0,84/ano; p<0,001), sexo do doador (B para homem= +4,14, p=0,01), uso de tacrolimo+micofenolato (B= +15,3; p=0,04), rejeição aguda (B= -24,9; p<0,001) e glomerulopatia pós-transplante (B= -20,3; p<0,001), mas não com o tempo em diálise. Os mesmos resultados foram observados quando o tempo em diálise foi incluído como uma variável linear independente. A incidência livre de rejeição aguda em 5 anos (92,9 vs. 94,0%; p=0,32), sobrevida do paciente (96,8 vs. 95,9%; p=0,63), e do enxerto (92,6 vs. 90,8%; p=0,50) também não foram distintas.

Discussão e Conclusões

O tempo em diálise não foi associado com a TFGe, incidência de rejeição aguda e sobrevida do paciente e do enxerto durante um período de 5 anos de acompanhamento. Apesar de pouco frequente, a rejeição aguda impactou significativamente a TFGe em 5 anos.

Palavras Chave

transplante renal; diálise; HLA idêntico; doador vivo; função renal.

Área

Transplante

Instituições

Hospital do Rim - São Paulo - Brasil

Autores

RENATO DEMARCHI FORESTO, EVELYN SANTOS FERREIRA, MÔNICA RIKA NAKAMURA, LUCIO REQUIÃO-MOURA, JOSÉ MEDINA PESTANA, HELIO TEDESCO-SILVA