Dados do Trabalho


Título

EVENTOS RELACIONADOS AO CITOMEGALOVIRUS EM RECEPTORES DE TRANSPLANTE RENAL PEDIATRICO SOB ESTRATEGIA PREEMPTIVA: RESULTADOS DE ESTUDO AMBISPECTIVO DE CENTRO UNICO BRASILEIRO

Introdução

Poucos estudos avaliaram o impacto da infecção pelo citomegalovírus (CMV) no transplante renal (TxR) pediátrico, principalmente sob estratégia preemptiva de redução de eventos. O objetivo deste estudo foi avaliar a incidência de eventos relacionados ao CMV e os potenciais fatores de risco nesta população.

Material e Método

Estudo de coorte ambispectiva, com 181 pacientes pediátricos (<18 anos) submetidos a TxR entre fevereiro/18 e agosto/21. Todos receberam dose única de 3mg/kg de timoglobulina, seguida de terapia tríplice e estratégia preemptiva para prevenção de CMV: carga viral (CV) quinzenal até o terceiro mês de TxR e tratamento com ganciclovir se CV quantificável para pacientes IgG negativos e se >5.000 UI/mL para os demais. O desfecho primário foi infecção ou doença pelo CMV (o que ocorresse primeiro), e os secundários refratariedade e soroconversão. Acompanhamento até um ano após o TxR. Variáveis associadas ao desfecho primário foram avaliadas por regressão de Cox.

Resultados

Os pacientes tinham 14 (11-16) anos de idade, 80% deles com mais de 10 anos, 54% do sexo masculino e 98% receberam rim de doador falecido; 17% eram IgG-CMV negativo com doador positivo; 86% receberam inibidor de calcineurina associado à azatioprina. A incidência acumulada do desfecho primário foi de 36% (18% infecção e 18% doença). A duração do tratamento foi de 30 (23-49) dias e 55% necessitaram de ajustes na imunossupressão. Não houve casos de refratariedade, e as taxas de recorrência e de soroconversão após primo-infecção foram de 26% e 89%, respectivamente. A incidência de rejeição aguda foi de 19%. O desfecho primário esteve significativamente associado com o match sorológico CMV pré transplante D+/R- (HR=11,7; IC95%=3,5–39,4), imunossupressão de manutenção com micofenolato (HR vs. azatiorpina=3,8; IC95%=2,2–6,8) e rejeição aguda (HR=9.1; IC95%=4,3–19,2). Não houve diferenças na função renal (64,4 vs. 64,4, p=0,98) e na sobrevida do enxerto (94,5% vs. 97,4%, p=0,31) quando os pacientes que apresentaram eventos relacionados ao CMV foram comparados com os que não apresentaram, respectivamente.

Discussão e Conclusões

Mesmo em população de elevado risco, como receptores de TxR pediátricos, a estratégia preemptiva esteve associada com taxa de doença pelo CMV inferior à 20%. Não houve refratariedade e a incidência de soroconversão foi elevada. O match sorológico, tipo de imunossupressão e ocorrência de rejeição aguda foram preditores de eventos relacionados ao CMV.

Palavras Chave

Transplante Renal Pediátrico, Infecção pelo Citomegalorívus

Área

Nefropediatria

Instituições

HOSPITAL DO RIM - São Paulo - Brasil

Autores

CHARLES YEA ZEN CHOW, MARINA PONTELLO CRISTELLI, LAILA ALMEIDA VIANA, RENATO DEMARCHI FORESTO, SUELEN BIANCA STOPA MARTINS, LUCIANA DE FATIMA PORINI CUSTODIO, SUZANA FRIEDLANDER DEL NERO, LUCIO ROBERTO REQUIAO MOURA, JOSE OSMAR MEDINA DE ABREU PESTANA, HELIO TEDESCO SILVA JUNIOR