Dados do Trabalho


Título

RELAÇAO DA ANEMIA COM A FUNÇAO TARDIA E DISFUNÇAO DO ALOENXERTO NO TRANSPLANTE RENAL

Introdução

A anemia é uma condição comum em pacientes com insuficiência renal em terapia substitutiva. Sua etiologia é multifatorial, mas essencialmente pela ineficiente produção de eritropoietina. Além disso, sabe-se que alguns desfechos em pacientes transplantados estão relacionados com a presença da anemia. Assim, o presente estudo avaliou a associação de anemia com função retardada do aloenxerto (DGF), disfunção crônica do aloenxerto renal (DAC) e mortalidade após transplante (TX) renal com doador falecido.

Material e Método

Estudo retrospectivo com pacientes transplantados renais de doadores falecidos. Analisou-se dados demográficos de doadores falecidos e pacientes transplantados. Além disso, comparou-se parâmetros bioquímicos, estado de anemia e medicamentos entre os grupos DGF e não-DGF. Em seguida, realizamos uma análise multivariada. Desfechos como DAC em um ano e mortalidade em dez anos foram avaliados também. Também foi realizado uma análise multivariada.

Resultados

Dos 206 pacientes incluídos, 120 (58,2%) tiveram DGF. Menor concentração de Hemoglobina (Hb) pré-transplante, mas maior creatinina sérica do doador, doses de eritropoietina humana recombinante (EPO) no período pré-transplante e frequência de transfusão de hemácias em uma semana após o TX no grupo que teve DGF. Além disso, houve associação independente da concentração de Hb antes do transplante e DGF [OR 0,252, IC 95%: 0,159-0,401; p<0,001]. Houve também associação da concentração de Hb após seis meses de TX renal, tanto com DAC [OR 0,798, IC 95%: 0,687-0,926; p = 0,003] e mortalidade [OR 0,833, IC 95%: 0,705-0,984; p = 0,003].

Discussão e Conclusões

O achado mais importante do estudo foi a associação de anemia com DGF, DAC e mortalidade após TX com doador falecido. A anemia pode contribuir com DAC limitando o aporte de oxigênio para o tecido, sendo demonstrado em animais que suplementação de EPO preservava o enxerto. Além disso, a anemia possui uma prevalência de 20-51% em vários períodos após o transplante. Conclui-se, neste estudo, que há associação entre Hb pré-transplante com DGF, além de anemia em 6 meses pós-TX com DAC e mortalidade. Sendo assim, é necessário atenção ao status anêmico dos pacientes pré e pós TX de doadores falecidos para facilitar a tomada de decisão para tratar complicações, visto que a anemia está associada a desfechos importantes, ainda que antes do TX.

Palavras Chave

ANEMIA; TRANSPLANTE RENAL; FUNÇÃO RETARDADA DO ALOENXERTO; DISFUNÇÃO CRÔNICA DO ALOENXERTO;

Área

Transplante

Instituições

Escola Paulista de Medicina (EPM/UNIFESP) - São Paulo - Brasil

Autores

BRUNO PELLOZO CERQUEIRA, BEATRIZ MOREIRA SILVA, LUCIO ROBERTO REQUIÃO MOURA, JOSÉ MEDINA-PESTANA, MIGUEL ANGELO GOES