Dados do Trabalho


Título

A SUSPENSAO DA IMUNOSSUPRESSAO NO MANEJO DE RECEPTORES DE TRANSPLANTE RENAL COM COMPLICAÇOES CRITICAS TEM IMPACTO NOS DESFECHOS CLINICOS DE LONGO PRAZO?

Introdução

Receptores de transplante de rim (TxR) são suscetíveis a quadros clínicos graves, com necessidade de internação em unidade de terapia intensiva (UTI) e ajustes na imunossupressão para o manejo clínico dessas complicações graves. O objetivo deste estudo foi avaliar o risco de rejeição aguda (RA) e perda do enxerto em TxR após sobreviverem a um evento crítico com necessidade de internação em UTI e o impacto do ajuste da imunossupressão nestes desfechos.

Material e Método

Estudo de coorte de centro único que incluiu 376 TxR sobreviventes de um evento crítico com necessidade de internação em UTI entre 2018-2019 e que foram acompanhados por até 1 ano. Desfecho primário composto de RA + perda do enxerto. Para investigar o risco de RA, os pacientes foram estratificados de acordo com o ajuste no regime imunossupressor durante o evento crítico: manutenção do regime (MANUT) e uso apenas de corticoide (CS). Analise multivariada: regressão de Cox.

Resultados

Os sobreviventes do evento crítico tinham 57,4 anos de idade, 61,4% eram homens e 42,8% recebiam tacrolimo + micofenonalto + prednisona como esquema de manutenção. Os escores SOFA e SAPS3 na admissão da UTI eram 4 e 45, respectivamente. A maioria tinha injúria renal aguda (60,6%, IRA) e 19,1% necessitaram de terapia renal de substituição e 53,5% ficaram em uso apenas de CS. A incidência acumulada do desfecho primário foi de 12,5%. Na análise multivariada, o desfecho primário esteve associado ao tipo de admissão (cirúrgica vs. clínica, HR=0.08, p=0,02), RA prévia (HR=8,04, p<0,001), IRA (HR=7,65, p<0,001) e SOFA (HR=1,23; p<0,001). A incidência de RA foi de 4,3%. Comparado com MANUT, o grupo CS não apresentou maior incidência de RA (5,7 vs. 3,0%, p=0,19) ou perda do enxerto (8,0 vs. 10,9%, p=0,33). Na análise multivariada, RA após a alta da UTI esteve associada com idade (HR=0,96; p=0,03) e RA prévia à internação (HR=16,5; p<0,001). Ajuste na imunossupressão durante a estada na UTI não esteve associada com RA.

Discussão e Conclusões

Para pacientes TxR sobreviventes de eventos críticos e que foram internados em uma UTI, episódios prévios de RA, IRA durante a internação e SOFA elevado estiveram associados com o desfecho combinado de RA e perda do enxerto até um ano após a alta da UTI. Por outro lado, o ajuste da imunossupressão não aumentou o risco de RA.

Palavras Chave

Transplante renal; Unidade de Terapia Intensiva; Imunossupressão; Rejeição aguda; Perda do enxerto

Área

Transplante

Instituições

Hospital do Rim - Fundação Oswaldo Ramos - São Paulo - Brasil

Autores

MARIA B PERUZZO, LUANA CALEGARI MOTA, JOÃO CARVÃO, FILIPA CÔRTE-REAL, RENATO D FORESTO, JOSÉ MEDINA-PESTANA, LÚCIO REQUIÃO-MOURA