Dados do Trabalho


Título

A ALTA PREVALENCIA DE HIPERPARATIREOIDISMO SECUNDARIO EM PACIENTES DIALITICOS E CONSEQUENCIA DE MANEJO INADEQUADO DO DMO-DRC DESDE A FASE PRE-DIALISE

Introdução

No Brasil, o elevado número de pacientes dialíticos em lista de espera para paratireoidectomia (PTX) sugere que o controle do paratormônio (PTH) ainda é um desafio em nosso país. Níveis elevados de PTH ao iniciar diálise (HD) estão associados a um controle mais difícil do hiperparatireodismo secundário (HPTS) a longo prazo, entretanto dados sobre o comportamento dos níveis de PTH ao iniciar e durante o primeiro ano de HD são escassos. Nossa hipótese é que os níveis elevados de PTH ao iniciar HD, bem como o controle inadequado do DMO-DRC durante o primeiro ano de diálise, podem contribuir para a gravidade do HPTS em pacientes prevalentes em HD.

Material e Método

Foram incluídos 1.973 indivíduos incidentes em HD entre fev/12 e dez/16, e que completaram 1 ano em terapia. Os dados avaliados incluíram idade, sexo, raça, diabetes mellitus, índice de massa corporal, fonte pagadora (setor público ou privado), local da primeira diálise (clínica ou hospital), cálcio, fósforo, albumina, ureia, fosfatase alcalina e PTH. Os pacientes foram divididos em 3 grupos de acordo com valores de PTH basais e após 12 meses, usando os pontos de corte de <150, 150-600 e > 600 pg/mL.

Resultados

No início da HD, níveis de PTH <150, entre 150-600 e > 600 pg/mL foram encontrados em 28,1%, 53,5% e 18,4% dos pacientes, respectivamente. Após 1 ano, esses níveis atingiram 30,7%, 52,5% e 16,8% dos pacientes. Dos pacientes com PTH basal >600 pg/mL, 44,9 % e 10,2% atingiram níveis de 150-600 e <150 pg/mL, respectivamente, e 44,9% permaneceram com PTH >600 pg/mL após 1 ano de seguimento. Indivíduos com HPTS não controlado (> 600 pg/mL) eram mais jovens, não-brancos, provenientes do setor público e não-diabéticos. Além disso, apresentavam maiores concentrações de PTH, fósforo, fosfatase alcalina e albumina no início da HD. A análise multivariada confirmou que idade [IC 0,981 (0,973-0,990)], diabetes [IC 0,595 (0,445-0,795)], fosfatase alcalina basal [IC 1,003 (1,001-1,004)] e PTH basal > 600 pg/mL [IC 4,003 (3,055- 5,325)] foram fatores independentes para HPTS não controlado após 1 ano de HD.

Discussão e Conclusões

No Brasil, muitos pacientes iniciam HD com níveis elevados de PTH, sugerindo a ineficácia no controle do DMO-DRC na fase pré-diálise, e isso contribui para persistência do quadro de HPTS após 1 ano. Além disso, um manejo inadequado da terapia medicamentosa após o início da HD provavelmente implicará em aumento da necessidade PTX a curto prazo.

Palavras Chave

Paratormônio; hemodiálise; DMO-DRC

Área

Doença renal crônica

Instituições

HCFMUSP - São Paulo - Brasil

Autores

EDUARDO JORGE DUQUE, MARIA EUGENIA FERNANDES CANZIANI, ANA BEATRIZ L BARRA, MARIA APARECIDA DALBONI, JORGE P STROGOFF-DE-MATOS, ROSILENE MOTTA ELIAS, ROSA MARIA AFFONSO MOYSÉS