Dados do Trabalho


Título

Variação sazonal do descenso noturno à monitorização ambulatorial da pressão arterial

Introdução

A influência sazonal sobre a pressão arterial é bem conhecida, entretanto o que ocorre com o descenso noturno da PA em relação às estações do ano é menos estudado. Não encontramos na literatura trabalhos que verificaram essa influência em pacientes que repetiram exames em épocas distintas do ano, ou seja, com exame de primavera-verão e de outono-inverno do mesmo paciente.

Material e Método

Foram avaliados pacientes com idade superior a 18 anos, que repetiram a MAPA em fases distintas do ano, a saber: um dos exames realizado na primavera-verão e o outro no outono-inverno. Foram excluídos exames de pacientes com conhecida disautonomia. Os parâmetros de MAPA nesses dois períodos foram comparados por teste “t” para dados repetidos. Foi considerado estatisticamente significante p < 0,05.

Resultados

Foram rastreados 644 exames realizados de fevereiro de 2011 a fevereiro de 2023. Destes, 42 pacientes foram incluídos. A idade foi de 60±15,4 anos, 69% do sexo feminino, 35 brancos. A média de pressão arterial sistólica (PAS) de 24h na primavera-verão foi de 134±16,6 mmHg e no outono inverno foi de 142±19,0 mmHg, p=0,01. A média de pressão arterial diastólica (PAD) de 24h na primavera-verão foi de 80±9,9 mmHg e no outono inverno foi de 84±13,8 mmHg, p=0,02. A média de PAS em vigília na primavera-verão foi de 135±16,5 mmHg e no outono inverno foi de 144±19,0 mmHg, p=0,004. A média de PAD em vigília na primavera-verão foi de 81±10,4 mmHg e no outono inverno foi de 86±14,0 mmHg, p=0,009. As médias de PAS e PAD ao sono não diferiram de acordo com a época do ano. O descenso da PAS ao sono foi de 3,2±9,6% na primavera-verão e 9,3±15,5% no outono-inverno, p=0,02. O descenso da PAD ao sono foi de 9,0±10,1% na primavera-verão e 12,5±12,7% no outono-inverno, p=0,08.

Discussão e Conclusões

O descenso da PAS ao sono foi mais intenso no outono-inverno do que na primavera-verão. Esse comportamento decorreu não por menor PAS ao sono no outono-inverno, mas por maior PAS em vigília nessa época do ano. Os resultados deste trabalho contribuem para o entendimento da baixa reprodutibilidade do descenso noturno à MAPA, uma vez que evidencia um importante fator a contribuir na variabilidade desse parâmetro. Assim, ao interpretar o descenso noturno é necessário levar em conta a época do ano na qual a MAPA foi realizada.
Conclusão: Pacientes que repetiram exame de MAPA em diferentes épocas do ano apresentaram descenso noturno mais intenso no outono-inverno que na primavera-verão.

Palavras Chave

Descenso noturno, sazonalidade, MAPA

Área

Hipertensão

Instituições

FMB- UNESP - São Paulo - Brasil

Autores

JHANSY MARY SOUZA ALVES, VANESSA DOS SANTOS SILVA, JOSÉ CARLOS CAMARGO, ROBERTO JORGE DA SILVA FRANCO, PASQUAL BARRETTI, LUIS CUADRADO MARTIN