Dados do Trabalho


Título

SIGNIFICADO CLINICO DO PADRAO DE DEPOSITOS DE IGM E C3 A IMUNOFLUORESCENCIA DE PACIENTES COM GLOMERULOESCLEROSE SEGMENTAR E FOCAL

Introdução

A presença de depósitos de IgM e C3 à imunofluorescência, em alguns pacientes com Glomeruloesclerose Segmentar e Focal, são considerados como represamento dessas moléculas pela esclerose mesangial. Contudo, há estudos que associam esses depósitos com pior prognóstico renal quando comparado com pacientes com imunofluorescência negativa ou somente com depósito de IgM. Por tratar-se de assunto controverso realizamos este estudo com o objetivo de avaliar a associação de pior desfecho renal com presença de depósitos de IgM e C3 em glomérulos de pacientes de coorte Brasileira com Glomeruloesclerose Segmentar e Focal.

Material e Método

Trata-se de estudo retrospectivo dos dados clínicos, laboratoriais, histopatológicos de microscopia óptica e imunofluorescência de pacientes diagnosticados com Glomeruloesclerose Segmentar e Focal em centro único. Através da imunofluorescência os pacientes foram divididos em quatro grupos: com depósito concomitante de IgM + C3, só IgM, só C3 e sem nenhum depósito. Esses grupos foram comparados entre si em relação a dados do diagnóstico e ao final do seguimento.

Resultados

No período estipulado, 103 pacientes foram elegíveis para o estudo. Os padrões de imunofluorescência mais encontrados foram os depósitos concomitantes de IgM + C3 e ausência de depósitos em 40 (38,8%) cada um. Os outros dois padrões encontrados foram, depósito exclusivo de IgM ou C3, que ocorreram em sete (6,7%) e 16 pacientes (15,5%), respectivamente. Na comparação desses quatro grupos, a creatinina inicial, creatinina final e proteinúria final foram significantemente maiores nos grupos de imunofluorescência com depósito de IgM + C3 e C3 exclusivo em relação aos outros dois grupos. O padrão de Glomeruloesclerose Segmentar e Focal Colapsante foi estatisticamente mais frequente nos grupos com imunofluorescência com IgM + C3 e C3 exclusivo (30 e 31,2% respectivamente) em relação aos com imunofluorescência negativa e depósito exclusivo de IgM (12,5 e 0% respectivamente) com p<0,0001. Esses dois primeiros grupos também tiveram estatisticamente as maiores porcentagens de doença renal crônica terminal (53,1 e 62,5% respectivamente) em relação aos dois últimos grupos (15,7 e 0% respectivamente) em um mesmo período de acompanhamento.

Discussão e Conclusões

Nosso estudo mostrou que a presença de IgM e C3 na imunofluorescência está relacionada a um pior prognóstico renal. É preciso voltar ao tema de uma provável participação do sistema complemento nessa doença.

Palavras Chave

Glomeruloesclerose Segmentar e Focal, sistema complemento, sobrevida renal

Área

Doenças do glomérulo

Instituições

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de são Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

GABRIEL FIGUEIREDO, BETINA FINCATTO CECCHINI, LUIS YU, LECTICIA BARBOSA JORGE, VIKTORIA WORONIK, CRISTIANE BITENCOURT DIAS