Dados do Trabalho


Título

O PAPEL DA OSTEOPONTINA E DAS PROTEINAS DERIVADAS DOS OSTEOCITOS SOBRE A DISFUNÇAO MUSCULAR ASSOCIADA AO HIPERPARATIREOIDISMO SECUNDARIO

Introdução

O hiperparatireoidismo secundário (HPTS) é associado a disfunção muscular em pacientes com doença renal crônica (DRC), e a paratireoidectomia (PTX) tem efeito benéfico sobre a função do músculo. Nosso objetivo foi investigar se o HPTS atua sobre inflamação muscular através da ação de proteínas ósseas, como a osteopontina (OPN), que possui efeito sobre modulação inflamatória em diversas patologias.

Material e Método

Avaliamos 30 pacientes em diálise (idade média 39 ±12 anos), 62% do sexo feminino, antes e 6 meses pós-PTX. A avaliação muscular envolveu análise de composição corporal por DXA; testes funcionais - acelerômetro GT3X, handgrip (HG), timed-up-and-go (TUG) e sit-to-stand-to-sit (STS), e análise histológica. Foram realizadas biópsias do músculo vasto lateral para análise de expressão gênica e proteica (ensaio multiplex e imuno-histoquímica). Amostras foram obtidas também de controles saudáveis para análise comparativa. Perfil bioquímico foi obtido por amostras de sangue e o gasto energético de repouso (GER) foi avaliado por calorimetria indireta.

Resultados

Após a PTX, houve redução significativa do PTH [1526 (1380-1959) x 119 (36-297) pg/mL*] e do fósforo [6± 1,6 x 4,8±1,1 mg/dL*], além de aumento do número de passos/dia [5221±3578 x 7245±3370*]. Apesar da melhora da função muscular - HG (27±11 x 31 ±11 kg*); TUG (10 (8-12) x 8 (7-9)*] e STS [8,8±3,7 x 11±2,6*], não houve mudança na massa muscular ou no GER após PTX. Houve aumento significativo da massa óssea (1,9 x 2,2kg*). No baseline, houve aumento da expressão gênica muscular de RANKL (16x*), IL1β (6x*) , IL17A (4x*) em relação aos controles. Na imuno-histoquímica, houve maior expressão muscular de OPN em relação aos controles, com redução significativa após a PTX (11 x 3%*). Apesar de não haver mudança nos níveis sanguíneos, as concentrações musculares de RANKL [52±36 x 30±13pg/mg*] e de esclerostina [2 (1,58-5,28) x 1,82 (2,21-2,26)pg/mg*] reduziram após a PTX, assim como as concentrações de TGF-ß e das citocinas inflamatórias (IL1β , IL17A, TNFα) no tecido muscular. *p<0,05

Discussão e Conclusões

Pacientes com HPTS submetidos a PTX apresentaram melhora acentuada na função, mas não na massa muscular. Os achados sugerem que proteínas ósseas têm papel no desenvolvimento de sarcopenia urêmica, e que a OPN, além de efeito sobre mineralização do tecido ósseo, também desempenha ação sobre fibrose e inflamação muscular, que é atenuada após a PTX.

Palavras Chave

Hiperparatireoidismo secundário, Osteopontina, Paratireoidectomia, Inflamação

Área

Doença renal crônica

Instituições

Universidade de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

EDUARDO JORGE DUQUE, SHIRLEY FERRAZ CRISPILHO, ANDRE KAKINOKI TENG, IVONE BRAGA DE OLIVEIRA, CLEONICE SILVA, LUZIA NAOKO SHINOHARA FURUKAWA, SAMUEL KATSUYUKI SHINJO, ROSILENE MOTTA ELIAS, VANDA JORGETTI, ROSA MARIA AFFONSO MOYSÉS