Dados do Trabalho
Título
AVALIAÇAO DOS DESFECHOS OBSTETRICOS E RENAIS EM MULHERES QUE REALIZARAM HEMODIALISE DURANTE A GESTAÇAO
Introdução
Gestantes portadoras de doenças renais apresentam piores desfechos gestacionais, sendo ainda piores em pacientes necessitam de terapia renal substitutiva. O objetivo central deste estudo é analisar os desfechos materno-fetais e renais das gestantes que realizaram hemodiálise (HD) durante internação hospitalar por injúria renal aguda (IRA) ou doença renal crônica (DRC)
Material e Método
Estudo retrospectivo observacional de centro único na UNIFESP-EPM para avaliação de gestantes com DRC ou IRA submetidas a HD durante internação entre 2005 e 2019, comparadas entre si e divididas em três grupos: IRA, DRC não-dialítica (DRCND) e DRC estágio terminal (DRET)
Resultados
Foram selecionadas e avaliadas 36 gestantes. Do total, 10 (27,8%) gestantes representavam casos de IRA, 14 (38,9%) de DRCND e 12 (33,3%) de DRET. Os dados demográficos foram similares, com idade média de 30,7 anos. Houve diferença em relação à etiologia da disfunção renal, com predomínio de complicações gestacionais (50%) e sepse (50%) no grupo de IRA, glomerulonefrite crônica (42,9%) e nefropatia diabética (35,7%) no grupo de DRCND e etiologia indeterminada (41,7%) nas portadoras de DRET. Todas as pacientes no grupo de IRA realizaram HD no puerpério, enquanto todas as gestantes do grupo de DRCND iniciaram diálise na gestação, com predomínio no 2º trimestre (69,2%) e 60% tiveram a dose de diálise aumentada no 1º trimestre naquelas com DRET. A ocorrência de pré-eclâmpsia foi mais comum nas pacientes com IRA (50%) em comparação com DRCND (27,3%) e DRET (sem casos descritos). Além disso, 4 pacientes (40%) do grupo IRA evoluíram a óbito, e nenhuma dos grupos de DRC. Em relação a taxa de nascidos-vivos, tivemos 60%, 57,1% e 58,3% de ocorrências no grupo de IRA, DRCND e DRET, respectivamente. Quando analisamos a prematuridade, houve 66,7% de eventos no grupo de IRA, 87,5% em gestantes com DRCND e 85,3% naquelas com DRET, considerando apenas os nativivos. Nos três grupos, não houve diferença estatística entre os desfechos fetais. Em nosso estudo, o tempo semanal de diálise se mostrou relacionado apenas ao peso ao nascimento do recém-nascido, de forma que, quanto maior o tempo semanal de diálise, maior o peso ao nascimento (p=0,037)
Discussão e Conclusões
O grupo de gestantes com IRA necessitou de diálise mais tardiamente (no puerpério) e apresentou maior mortalidade. Os desfechos gestacionais negativos foram semelhantes entre os três grupos. O tempo semanal de diálise mais prolongado se correlacionou com maior peso ao nascimento.
Palavras Chave
1. Doença renal crônica. 2. Gestação. 3. Hemodiálise 4. Injúria renal aguda
Área
Nefrologia clínica
Instituições
UNIFESP - EPM - São Paulo - Brasil
Autores
FERNANDA BADIANI ROBERTO, CARLOS ALBERTO BALDA, GIANNA MASTROIANNI KIRSZTAJN