Dados do Trabalho
Título
PREVALENCIA DE DOENÇA RENAL CRONICA E SEUS ESTAGIOS EM OPERADORAS DE SAUDE DE GRANDE PORTE NO BRASIL
Introdução
Apesar de cerca de um quarto da população brasileira possuir plano privado de saúde (PPS), estudos sobre a carga de doença renal crônica (DRC) nessa população são escassos. Os objetivos deste estudo foram estimar a prevalência de DRC e seus estágios em amostra de pacientes com cobertura de saúde suplementar e estratificar os resultados por regiões do país.
Material e Método
Estudo transversal baseado em banco de dados de laboratórios de duas operadoras de saúde as quais, juntas, têm abrangência nacional. Foram analisados os resultados de creatinina sérica realizados entre 01/10/2021 e 31/10/2022. Foram excluídas dosagens realizadas em ambiente hospitalar e aquelas realizadas em <18 anos. Exames repetidos num mesmo indivíduo foram excluídos, mantendo-se o menor valor de creatinina. A representatividade da amostra foi estimada pela razão entre o número de participantes incluídos e o número de beneficiários. DRC foi definida por taxa de filtração glomerular (TFGe)<60ml/min/1,73m², estimada pela equação CKD-EPI e classificada nos estágios 3a, 3b, 4 e 5 de acordo com as diretrizes vigentes. A prevalência de DRC por regiões do Brasil foi ajustada por sexo e idade pelo método direto, considerando a população de participantes do estudo como referência.
Resultados
Após aplicação dos critérios de exclusão, 1.508.766 participantes foram incluídos na análise final (mediana de idade 44,0 [IQR 33,9-56,9] anos, 37,7% gênero masculino). A representatividade da amostra foi 18,1% nacionalmente (24,2% no Nordeste, 20,2% no Norte, 19,6% no Sul, 15,2% no Sudeste e 13,9% no Centro-oeste). A prevalência de DRC foi 5,1% (3,5% no estágio 3a, 1,1% no 3b, 0,3% no 4 e 0,2% no estágio 5). DRC foi mais comum no gênero masculino (5,5% vs. 4,8%, p<0,001) e nas faixas de idade mais elevadas (0,2% entre 18-29 anos, 0,7% entre 30-44 anos, 2,8% entre 45-59 anos, 13,3% entre 60-75 anos e 40,6% em pessoas com idade ≥75 anos, p<0,001). A prevalência ajustada de DRC nas regiões do Brasil foi 6,0% no Centro-oeste, 5,6% no Sudeste, 5,2% no Sul, 4,3% no Norte e 4,0% na região Nordeste.
Discussão e Conclusões
A prevalência de DRC em pessoas com PPS, avaliada por TFG, foi inferior à estimativa nacional, o que poderia ser explicado pelo predomínio de planos empresariais, nos quais os beneficiários são economicamente ativos e podem apresentar menor carga de doenças associadas. Esse é um dos maiores estudos brasileiros dessa natureza e os resultados poderão ser utilizados para planejar programas de cuidado multiprofissional da DRC na saúde suplementar.
Palavras Chave
Epidemiologia; Doença Renal Crônica; Prevalência; Sistemas de Informação em Laboratório Clínico
Área
Doença renal crônica
Instituições
Grupo Hapvida-Intermédica - São Paulo - Brasil
Autores
FARID SAMAAN, RUBENS CARVALHO SILVEIRA, AMILTON MOURO, GIANNA MASTROIANNI KIRSZTAJN, RICARDO SESSO