Dados do Trabalho
Título
HIPERCALCEMIA E IRA RELACIONADOS A IMPLANTES HORMONAIS: RELATO DE CASO
Relato do Caso
INTRODUÇÃO:
A busca excessiva por padrões de beleza contribuiu para o surgimento de um transtorno de imagem corporal, especialmente nos jovens. Tem-se observado o uso de medicações questionáveis quanto aos fins e em doses suprafisiológicas.
Diante disso, relatamos a seguir o caso de uma mulher jovem que implantou o popular “chip da beleza”, evoluindo com hipercalcemia grave e disfunção renal aguda.
RELATO DE CASO:
Paciente do sexo feminino, 42 anos, previamente hígida, iniciou tratamento com nutrólogo em fevereiro de 2022 por queixa de desânimo e baixa libido, sendo implantado em subcutâneo um dispositivo de liberação lenta contendo testosterona e gestrinona, além de fazer uso oral de uma fórmula manipulada contendo ácido fólico, biotina, piridoxina, acetilcisteína, aldactone 100mg e finasterida 4mg (usava de 3 a 6 compridos desse formulado ao dia), além de colecalciferol 50000UI/semana (esta última usada sem recomendação médica e suspensa nesta consulta pelo colega). Em rotina laboratorial para início deste seguimento apresentava creatinina (Cr) de 0,8 e 25-OH-vitamina D 68,2 (25/02/22).
Procurou nefrologista em virtude da piora progressiva de função renal em exames subsequentes, além de manter a queixa de sonolência, astenia e náuseas, trazendo os seguintes exames:
- 13/05/22: Cr 1,89
- 08/06/22: Cr 4,2 / Ur 94 / Urina tipo 1: 16000 leucócitos, 5000 hemácias, proteína +
Em rotina laboratorial de investigação inicial solicitada pela nefrologia (14/06/22) fora visto cálcio iônico de 1,8, Cr 3,33, Ur 90, PTH intacto 16 e 25-OH-Vitamina D 22,7, sendo encaminhada para internação a fim de instituir medidas para hipercalcemia, bem como orientada a retirar o implante hormonal (paciente se recusou a removê-lo).
Retornou em consulta em julho de 2022 mantendo hipercalcemia (Ca iônico 1,64) e Cr 2,93, novamente orientada a ir a serviço hospitalar para melhor controle da calcemia, bem como remover implante, mas paciente não foi ao serviço como orientado e não retornou no seguimento ambulatorial.
DISCUSSÃO:
Com o uso crescente de hormônios esteróides masculinos, tem-se observado uma série de eventos adversos, como os observados no caso descrito. Acredita-se que a disfunção renal apresentada advenha de mecanismos como toxicidade direta, com lesão podocitária, bem como pela resposta inflamatória decorrente de uma nefrite túbulo intersticial, além da hipercalcemia induzida por mecanismo ainda não totalmente esclarecido (aventado aumento da atividade da alfa-1-hidroxilase?).
Palavras Chave
HIPERCALCEMIA, IRA, HORMONIOS ESTEROIDES, NIA
Área
Nefrologia clínica
Instituições
Nefrostar Alphaville HDF - São Paulo - Brasil
Autores
TALES DANTAS VIEIRA, CHRISTIANE AKEMI KOJIMA, ERICA PIRES DA ROCHA, MARIA GABRIELA ROSA