Dados do Trabalho


Título

IMPACTO CLINICO DE ANTICORPOS ANTI-HLA ESPECIFICOS CONTRA DOADOR APOS O TRANSPLANTE DE PANCREAS

Introdução

Anticorpos específicos do doador(DSA) contra o antígeno leucocitário humano(HLA) estão associados à rejeição mediada por anticorpo e impactam negativamente na sobrevida do aloenxerto.
O objetivo desse estudo foi avaliar a presença de DSA, após o transplante de pâncreas(TP), sua correlação com episódios de rejeição aguda e sobrevidas do enxerto pancreático/renal e dos pacientes.

Material e Método

Entre 01/03/2018 até 31/07/2022 foram incluídos 270 receptores(164 transplantes de pâncreas e rim simultâneo(TPRS) e 106 TP solitários[TP-S]: 90 transplantes de pâncreas após rim e 16 transplantes de pâncreas isolado). Em todos os TP foi realizada drenagem sistêmica (cava)-entérica. O esquema imunossupressor baseou-se na indução com timoglobulina, e terapia de manutenção com tacrolimus, micofenolato de sódio e prednisona. Anticorpos anti-HLA pós-transplante foram rastreados por Luminex, da seguinte forma: 3, 6 e 12 meses ou quando ocorreu um episódio de rejeição e duas vezes por ano a partir de então para todos os receptores TP-S; para receptores TPRS com PRA>0 ou quando ocorrência de rejeição. Foram considerados positivos os anticorpos com valor de MFI≥500 e realizada curva ROC para determinação da relação do DSA e rejeição aguda. Todas as rejeições foram comprovadas por biópsia e pesquisa de C4d pelo método de imuno-histoquímica.

Resultados

A prevalência DSA de novo foi significativamente maior no TP-S quando comparado ao TPRS (25[23,6%] vs 13[7,9%], p=0,001, OR=3,58). A média do tempo de surgimento do DSA foi de 5,5 meses(1-28), principalmente no primeiro ano pós-transplante(84,61% TPRS e 84% TP-S). Foram observados mais episódios de rejeição no grupo DSA+ do que DSA- (81,6% vs 23,3%, p<0,0001, OR=14,59). Entre receptores de TP-S com DSA+, rejeição aguda ocorreu em 21(84%), sendo 13 pacientes(62%), rejeição aguda mediada por anticorpo(RAMA) confirmada ou suspeita. No TP-S a positividade e C4d+ foi maior entre DSA+ (32% vs 11,1%, p=0,017, OR=3,765), assim como a perda imunológica do enxerto(40% vs 12,3%, p=0,003, OR=4,73). A sobrevida do enxerto pancreático a longo prazo foi semelhante entre o grupo DSA+ com MFI<1500 e DSA- (87,5% vs 87,6%, respectivamente), e significativamente menor quando comparado receptores DSA+ com MFI>1500 e DSA- (47%, p=0,002).

Discussão e Conclusões

A ocorrência de DSA pós-transplante foi maior no TP-S do que no TPRS. DSA de novo foi associado a taxas mais altas de rejeição aguda, episódios de RAMA, positividade para C4d e perda imunológica do enxerto pancreático, especialmente para MFI>1500.

Palavras Chave

Anticorpos
Antígenos HLA
Biópsia
Rejeição de enxerto
Transplante de pâncreas

Área

Transplante

Instituições

Universidade Federal de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

ANA CLÁUDIA VIDIGAL, MARCELO PEROSA, ERIKA BEVILAQUA RANGEL