Dados do Trabalho


Título

O IMPACTO DA BIOPSIA RENAL TARDIA NA SOBREVIDA RENAL DE PACIENTES COM NEFRITE LUPICA.

Introdução

O Brasil é o país americano com maior ancestralidade africana. Na nefrite lúpica (NL) é possível observar diferenças na incidência e até mesmo na gravidade de acordo com a localização e características da população estudada. Este estudo tem por objetivo descrever o perfil clínico-epidemiológico e a influência de um diagnóstico tardio nos pacientes com NL do Serviço de Nefrologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, entre o período de 1999 a 2015.

Material e Método

Estudo observacional retrospectivo descritivo dos pacientes diagnosticados com NL e biopsiados antes de seis meses do início dos sintomas de NL comparados aos biopsiados após seis meses do início dos sintomas.

Resultados

O número total da amostra foi de 398 pacientes. O FAN foi positivo em 94,1% dos pacientes, anti-DNA em 77,7% e o anticardiolipina em 27,1%. O padrão full-house foi observado em 124 pacientes (33,7%). Considerando o tempo do início dos sintomas relacionados a NL até a realização da biópsia renal, em 47,5% esse tempo foi menor que 6 meses (grupo precoce) e em 52,5% esse tempo foi maior ou igual a 6 meses (grupo tardio). O índice de cronicidade foi mais baixo no grupo biopsiado mais precoce, 2(1-4) vs 3(2-5), p= 0,003, com índice de atividade maior nesse mesmo grupo (5 (3-8) vs. 4 (3-6), p= 0,006). O índice de cronicidade teve correlação positiva com a creatinina inicial, de 3 meses, 6 meses e 5 anos após biópsia renal, com r=0,56 e p< 0,0001, r=0,51 e p<0,0001, r=0,51 e p<0,0001 e r=0,38 e p<0,0001, respectivamente. Cinquenta e três pacientes evoluíram em diálise ao longo de cinco anos de acompanhamento e em análise uni e multivariada a biópisa renal tardia e o índice de cronicidade a partir de 4 foram fatores independes para esse pior desfecho.

Discussão e Conclusões

Este estudo mostrou que desfechos renais em terapia renal substitutiva ou doença renal crônica foram associados a biópsia renal tardia e maior índice de cronicidade ao diagnóstico. A biópsia tardia vem de uma demora no referenciamento à um nefrologista de hospital terciário e portanto uma demora no diagnóstico e início de tratamento adequado a esse paciente.

Palavras Chave

Nefrite lúpica, biópsia renal, epidemiologia

Área

Doenças do glomérulo

Instituições

Hospital das Clínicas de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

MARIANA SOUSA TEIXEIRA NUNES, LECTÍCIA BARBOSA JORGE, LUIS YU, VIKTORIA WORONIK, CRISTIANE BITENCOURT DIAS