Dados do Trabalho


Título

PREVALENCIA DE DISFUNÇAO RENAL E HIPERTENSAO ARTERIAL SISTEMICA EM POPULAÇOES INDIGENAS COM DIFERENTES NIVEIS DE URBANIZAÇAO DE PERNAMBUCO-PE

Introdução

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença multifatorial e possui uma íntima relação com a função renal, sendo tanto causa como consequência de uma doença renal crônica (DRC). A DRC é caracterizada por alterações estruturais ou funcionais dos rins com ou sem redução da taxa de filtração glomerular (TFG), sintomática ou assintomática e afeta cerca de 8,9% da população adulta brasileira, podendo ser detectada por biomarcadores como a creatinina. Objetivo: Descrever a prevalência de disfunção renal e de HAS em dois grupos indígenas expostos a diferentes contextos de urbanização.

Material e Método

Trata-se de um estudo de prevalência realizado nas comunidades indígenas Fulni-ô (grupo com intermediário grau de urbanização) e Truká (grau avançado). Foram incluídos indivíduos acima de 18 anos que voluntariamente aceitaram participar do estudo. Variáveis analisadas: sexo, idade, diagnóstico de hipertensão e TFG, a qual foi classificada em G1 (≥90mL/min/1,73m²), G2 (60-89 mL/min/1,73m²), G3a (45-59 mL/min/1,73m²), G3b (30-44 mL/min/1,73m²), G4 (15-29 mL/min/1,73m²) e G5 (<15 mL/min/1,73m²). Os dados foram obtidos a partir de prontuários do Projeto Aterosclerose em Indígena. O teste de Shapiro-Wilk utilizado para análise da distribuição das variáveis e para comparação dos grupos, com nível de significância de 5%.

Resultados

Dos 280 indivíduos com resultados de TFG, sendo 184 (65,7%) Fulni-ô e 96 (34,3%) Truká, a prevalência de diminuição moderada da função renal (G3a) foi maior na população Truká (6,2%; n=6). Nos Fulni-ôs observou-se maior proporção de indivíduos com filtração levemente diminuída (G2) (42,4%; n=78) quando comparados aos indígenas Truká (29,2%; n=28). Observou-se maior idade nos indivíduos com pior função renal no grupo Fulni-ô (p<0,001). A idade do grupo G3a nos indígenas Truká foi de 48±5,6 anos e nos Fulni-ôs foi de 62,1±6,5. A prevalência de hipertensão arterial foi maior nos graus mais avançados da DRC: 22,2% (n=36) no G1, 26,4% (n=28) no G2 e 41,6% (n=5) no G3a.

Discussão e Conclusões

A exposição a um elevado contexto de urbanização parece elevar o risco de aparecimento de doença renal crônica e de hipertensão precocemente. Os alimentos industrializados e a adoção de hábitos de vida urbanos podem contribuir para esse adoecimento. Assim, medidas de promoção e prevenção da DRC devem ser implementadas para mitigar os efeitos do processo de urbanização na saúde dos indígenas.

Palavras Chave

Hipertensão arterial sistêmica; Doença Renal Crônica; Populações Indígenas

Área

Doença renal crônica

Instituições

UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO - Pernambuco - Brasil

Autores

ELIENE APARECIDA CERQUEIRA MARCOS, ORLANDO VIEIRA GOMES, THIAGO REIS CARMO, CARLOS DORNELS FREIRE SOUZA, VANESSA CARDOSO PEREIRA, JANDIR MENDONÇA NICÁCIO, ANDERSON COSTA ARMSTRONG