Dados do Trabalho


Título

IMPACTO DA FISIOPATOLOGIA DA INJURIA RENAL AGUDA EM PACIENTES ACOMETIDOS PELA COVID-19 NO DESFECHO OBITO

Introdução

A COVID-19, causada pelo vírus Sars-Cov-2, tem sido associada ora a casos oligossintomáticos, ora à Sindrome da Respiratória Aguda Grave, com disfunção orgânica generalizada e morte. Um dos eventos mais importantes para o desfecho clínico é a Injúria Renal Aguda (IRA). Sabe-se que a IRA na COVID-19 é multifatorial, sendo os principais mecanismos a tempestade de citocinas, o estresse metabólico, o uso de drogas nefrotóxicas, a rabdomiólise, o tropismo viral aos tecidos renais e a disfunção múltipla de órgãos. Entretanto, ainda pouco se sabe sobre o impacto da fisiopatologia da IRA na COVID-19 para o desfecho clínico do paciente.

Material e Método

Este é um estudo de coorte retrospectivo que avaliou o prontuário médico de pacientes com infecção por Sars-Cov-2, admitidos em hospital público terciário, de 06/01/2020 a 31/07/2021 desde sua admissão até o desfecho clínico (alta hospitalar ou óbito). Foram analisados dados clínicos e laboratoriais séricos e urinários durante a internação. A função renal foi estimada pelo débito urinário e creatinina sérica, sendo o diagnóstico e classificação da IRA baseados nos critérios do KDIGO de 2012. Foram incluídos pacientes hospitalizados com COVID-19 e que evoluíram com IRA durante a internação. A etiologia da IRA foi classificada em tempestade de citocinas (TC), insuficiência de múltiplos órgãos (IMO), tropismo viral renal (TVR), séptica, isquêmica, por rabdomiólise e mista- sinergismo de mecanismos virais, de acordo com parâmetros clínicos e laboratoriais. Foi realizada análise de dados univariada para identificar os fatores associados e se os mecanismos fisiopatológicos da IRA estão associados ao desfecho óbito.

Resultados

Em 372 pacientes, houve predomínio masculino (55,6%), caucasiano (82,3%) e a mediana de idade foi de 61,4 anos. 88,2% foram admitidos em UTI. A IRA foi predominantemente KDIGO 3 (65,6%). Dentre as etiologias da IRA, a Mista foi a mais prevalente (23,4%), seguida de TVR (19,9%), IMO (18%), Séptica (15,6%), isquêmica (12,9%) e TC (10,2%). A mortalidade foi elevada (73,1%) e associou-se ao mecanismo fisiopatológico da IRA (p<0,001), sendo maior na IRA por TC (89,5%), IMO (88%) e Mista (90,8%), e menor na IRA por TVR (68,9%), Sepse (55,2%) e Isquemia (35,4%).

Discussão e Conclusões

De fato, as etiologias da IRA de maior mortalidade associam-se a parâmetros clínicos de maior gravidade. Como exemplo, na TC, todos os pacientes foram internados em UTI e utilizaram ventilação mecânica e drogas vasoativas, apresentavam alto ATN-ISS e predomínio de KDIGO 3.

Palavras Chave

COVID-19, IRA, Fisiopatologia, Prognóstico

Área

COVID

Instituições

UNESP- FMB - São Paulo - Brasil

Autores

PEDRO ANDRIOLO CARDOSO, BRUNA KAORI YUASA, LUIS EDUARDO MAGALHÃES, PAULA GABRIELA SOUSA DE OLIVEIRA, ANA JULIA FAVARIN, WELDER ZAMONER, DANIELA PONCE