Dados do Trabalho
Título
MIOPATIA SECUNDARIA A HIPOCALEMIA GRAVE EM HIPERALDOSTERONISMO PRIMARIO: RELATO DE CASO
Relato do Caso
Introdução: O hiperaldosteronismo primário (HAP) tem apresentado aumento de prevalência nos últimos anos com o uso da relação aldosterona plasmática/ atividade plasmática da renina (A/APR) para seu rastreamento. É a causa endócrina mais comum de hipertensão secundária, e a segunda causa mais comum de hipertensão resistente, com prevalência variando em torno de 6-23% nessa população.
Material e métodos: Relato de caso baseado em revisão de prontuário.
Resultados: Paciente do sexo masculino, 52 anos, hipertenso, da entrada em Pronto-Socorro referindo dores musculares, formigamento de extremidades e dificuldade de deambular devido fraqueza progressiva há 3 dias, evoluindo com tetraparesia. Internado aos cuidados da Neurologia e realizada investigação que excluiu AVC, meningoencefalite e doenças desmielinizantes. Na entrada apresentava Na 148, K 2,4, CPK 1.450 e ausência de acidose ou alcalose metabólica. Foi iniciada reposição endovenosa de potássio e em 48h apresentava melhora dos sintomas, K 3,2 e CPK 12.358. Em alta hospitalar foi encaminhado para seguimento ambulatorial com a Neurologia. Observado nos retornos que paciente seguia com hipocalemia persistente, recorrência dos sintomas musculares e CPK voltou a elevar-se. Foi optado por solicitação de dosagem sérica de renina (resultado: < 0,4ng/mL/h) e aldosterona (resultado: 24,5ng/dL) com relação A/APR = 61,25, sendo então encaminhado ao Nefrologista. Em consulta com a Nefrologia realizada suspeita diagnóstica de HAP e solicitada TC de suprarrenais que confirmou presença de adenoma de 1,5cm em suprarrenal esquerda, sendo então encaminhado para a Urologia para ressecção tumoral.
Discussão: O HAP caracteriza-se pelo aumento na síntese de aldosterona, com autonomia em relação ao SRAA e ausência de supressão com sobrecarga salina. As etiologias mais comuns são a hiperplasia adrenal bilateral (50-60%) e o adenoma unilateral produtor de aldosterona (40%). Na suspeita, inicia-se o rastreamento pela coleta de aldosterona e renina plasmáticas e realização da relação A/APR, em que valores acima de 30 sugerem o diagnóstico e indicam a realização dos testes confirmatórios, e posteriormente exame de imagem, sendo o mais indicado a TC de suprarrenais com cortes finos. A hipocalemia ocorre na minoria dos casos, mas quando presente reforça a suspeita.
Conclusões: Observamos que nesse caso a suspeita clínica para o HAP se deu de forma atípica, a partir de quadro de miopatia secundária à hipocalemia grave e persistente.
Palavras Chave
hipoaldosteronismo primário, hipocalemia, miopatia, adenoma, hipertensão secundária
Área
Nefrologia clínica
Instituições
Centro Universitário Faculdade de Medicina do ABC - São Paulo - Brasil
Autores
MARCELA PETROUCIC NUNES, THAISSA ALINE DO AMARAL, LARISSA ANDRADE FIGUEIREDO, LETÍCIA ESCAMES, DANIEL RINALDI DOS SANTOS, RONALDO ROBERTO BERGAMO, THIAGO GOMES ROMANO, RICARDO EUGÊNIO MARIANI BURDELIS