Dados do Trabalho


Título

NECROSE COAGULATIVA E MICROANGIOPATIA TROMBOTICA EM BIOPSIA RENAL APOS ACIDENTE OFIDICO

Relato do Caso

Introdução: No Brasil, há quatro gêneros de serpentes venenosas. Sendo os gênereos Bothrops e Crotalus os mais frequentes e os principais associados a injúria renal aguda (IRA). A IRA no acidente botrópico costuma ser infrequente, com incidência variando entre 1,6 a 5% dos acidentes, podendo variar de acordo com a espécie. O mecanismo é multifatorial e envolve toxicidade tubular, ação proteolítica e deposição fibrina no glomérulo, além de rabdomiólise e alterações do sistema de coagulação.

Métodos: As informações foram obtidas por consulta em prontuário eletrônico, registro de biópsia renal e revisão de literatura.

Resultado: paciente do sexo feminino, 73 anos, compareceu a unidade de emergência do HCRP com relato de acidente botrópico no membro superior direito dia 12/02/2023. À admissão, referia dor e sangramento local sem outras queixas. Recebeu 30ml de soro antibotrópico 6 horas após o acidente e mais 50ml 11 horas após, visto mudança de classificação de risco considerando resultados de exames. Após 1 dia, paciente apresentou injúria renal aguda oligúrica KDIGO III e evoluiu com indicação de terapia de substituição renal em 15/02/2023 por edema agudo de pulmão. Em exames laboratoriais, constatou-se anemia hemolítica e plaquetopenia, com achados de esquizócitos em sangue periférico, sendo interrogada a hipótese de microangiopatia trombótica secundária a veneno de cobra. Realizado biópsia renal 24/02/2023, com achados de necrose coagulativa em 40% da amostra, necrose tubular aguda difusa e acentuada, fibrose intersticial e atrofia tubular discreta a moderada e MAT em fase aguda. A paciente apresentou melhora do quadro hematológico cerca de 10 dias após o evento inicial, porém persistiu com anúria, sem recuperação de função renal após 6 semanas da agressão.

Discussão: A IRA no acidente botrópico costuma ocorrer nas primeiras 24 horas, sendo a maioria do tipo oligúrica. O atraso na soroterapia é considerado um importante fator de risco para IRA. A lesão renal mais comum no acidente botrópico é a necrose tubular aguda, porém alguns casos evoluem com necrose cortical bilateral, esta alteração é encontrada em até 22% dos pacientes que não recuperam função renal em até 3 semanas.

Conclusão: O relato deste caso visa chamar a atenção para complicações sistêmicas graves, incluindo insuficiência renal com necessidade de terapia renal substitutiva de forma permanente, neste tipo de envenenamento e elucidar achados correspondentes na biópsia renal.

Palavras Chave

Injúria renal aguda, acidente botrópico, necrose coagulativa, microangiopatia trombótica.

Área

Injúria renal aguda

Instituições

Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto - São Paulo - Brasil

Autores

ANA PAULA ANAISSI MENDES, LARA ÉLIDA GUAZZELI DE FREITAS, FERNANDA VASQUES ANDRES, CAROLINA KATH LUCCA, KARINA ALVES DE MELO, GABRIELLE LIMA ALVES, BARBHARA THAÍS PONTES MACIEL