Dados do Trabalho


Título

PACIENTES COM COVID-19 E INJURIA RENAL AGUDA TRATADA COM TERAPIA RENAL SUBSTITUTIVA NA PRIMEIRA E SEGUNDA ONDA DA PANDEMIA: ESTUDO MULTICENTRICO NA REGIAO METROPOLITANA DE SAO PAULO, BRASIL

Introdução

Estudos de pacientes com injúria renal aguda (IRA) tratada com terapia renal substitutiva (TRS) na segunda onda da pandemia por COVID-19 são escassos. O objetivo deste trabalho foi comparar características e desfechos de pacientes com COVID-19 que utilizaram TRS por IRA na primeira e segunda onda da pandemia em São Paulo, Brasil. Além disso, buscou-se identificar fatores relacionados com óbito nessa população.

Material e Método

Estudo retrospectivo realizado em unidades de terapia intensiva de 10 hospitais da região metropolitana de São Paulo. Os critérios de inclusão foram: diagnóstico compatível com COVID-19, idade ≥18 anos e utilização de TRS por IRA. Foram comparados perfil demográfico, comorbidades e desfechos dos pacientes entre os períodos de abril-agosto de 2020 e março-junho de 2021. Fatores relacionados com óbito foram identificados por regressão logística múltipla.

Resultados

Foram incluídos 327 pacientes da primeira onda e 329 da segunda. Comparados com os pacientes da primeira onda, aqueles da segunda onda procuraram o serviço de saúde com maior tempo de sintomas (7,1±5,0 vs. 5,6±3,9 dias, p<0,001), foram mais novos (61,4±13,7 vs. 63,8±13,6 anos, p=0,023), apresentaram menor frequência de diabetes (37,1% vs. 47,1%, p=0,009) e obesidade (29,5% vs. 40,0%, p=0,007) e maior necessidade de vasopressor (93,3% vs. 84,1%, p<0,001) e ventilação mecânica (95,7% vs. 87,8%, p<0,001). A letalidade dos pacientes na segunda onda foi maior que na primeira (84,8% vs. 72,7%, p<0,001). Em análise múltipla, óbito na primeira onda esteve relacionado com presença de duas ou mais disfunções orgânicas ao longo da internação [OR (IC 95%)=3,56 (1,75-7,25)], uso de corticoides [OR (IC 95%)=2,96 (1,58-75,57)] e diálise eficiente [OR (IC 95%)=0,28 (0,15-0,54)]. Na segunda onda da pandemia, os fatores independentemente relacionados com óbito foram potássio no primeiro dia da diálise >5mEq/l [OR (IC 95%)=3,53 (1,75-7,10)], idade (aumento de cinco anos) [OR (IC 95%)=1,29 (1,13-1,46)] e diálise eficiente [OR (IC 95%)=0,48 (0,25-0,94)].

Discussão e Conclusões

Na megalópole de São Paulo, a letalidade dos pacientes com IRA tratada com TRS na segunda onda da pandemia por COVID-19 foi superior à da primeira. Em ambas as ondas, a qualidade da diálise ofertada interferiu na chance de óbito. Além disso, o acesso a serviços de saúde, a disponibilidade de recursos intra-hospitalares, a maior cobertura vacinal de grupos específicos e a variante do agente causador devem ser considerados como possíveis causas para os resultados observados.

Palavras Chave

injúria renal aguda; epidemiologia; COVID-19

Área

COVID

Instituições

Grupo Hapvida-NotreDame Intermédica - São Paulo - Brasil

Autores

FARID SAMAAN, RENATA VIANA, RAFAELA ANDRADE PENALVA FREITAS, LIVIA GÂMBARO, KARLLA CUNHA, TALES DANTAS VIEIRA, VALKERCYO FEITOSA, ERIC ARAGÃO CORREA, ALEXANDRE TOLEDO MACIEL, SYLVIA ARANHA, EDUARDO ATSUSHI OSAWA, ROBERTA PILLAR, ELIAS MARCOS DA SILVA FLATO, RENATA CRISTINA DA SILVA, FABRIZZIO BATISTA GUIMARÃES DE LIMA, ELISA CARNEIRO, PAULA REGINA GAN ROSSI, MUNIRA BITTENCOURT ABUD, HENRIQUE PINHEIRO KONIGSFELD, RIBERTO GARCIA DA SILVA, RICARDO BARBOSA CINTRA DE SOUZA, SAURUS MAYER COUTINHO, MIGUEL ANGELO GOES, BARBARA ANTUNES BRUNO DA SILVA, DIRCE MARIA TREVISAN ZANETTA, EMMANUEL ALMEIDA BURDMANN