Dados do Trabalho
Título
EPIDEMIOLOGIA DOS PACIENTES ATENDIDOS COM QUADRO RESPIRATORIO DURANTE A COVID19
Introdução
A COVID-19 variou temporalmente seu comportamento clínico-epidemiológico, sendo a onda inicial a mais grave. Avançou no Brasil a partir de São Paulo, chegando a 194 mil mortes e 7,6 milhões de casos no primeiro ano, pressionando os serviços de saúde. Por seu vínculo universitário e nível quaternário, o Hospital São Paulo (HSP) foi referência no atendimento e internações pela COVID-19 durante 2020.
Material e Método
Revisão de prontuário eletrônico dos 578 pacientes internados no HSP-UNIFESP entre 20 de março e 31 de julho de 2020, baseada em variáveis demográficas, dados clínicos e exames laboratoriais de admissão. Os desfechos primários foram óbito, necessidade de oxigenioterapia, intubação orotraqueal (IOT), UTI e hemodiálise.
Resultados
Dos 578 pacientes, 57% sexo masculino, média de idade 59,3±16,1 anos, 86% necessitaram de oxigênio, 32% de IOT e 22% de hemodiálise, sendo a mortalidade de 31%. A média de internação em UTI foi de 14,3±14,9 dias.
Admissões em UTI foram majoritariamente de homens, com menores valores de bicarbonato e base excess (BE); leucocitose; elevação de ferritina, proteína C reativa (PCR) e desidrogenase láctica (DHL), e pior função renal, contribuindo para o óbito (RR=3,40) e hemodiálise (RR=7,82).
A oxigenioterapia foi maior entre os mais velhos, com DM e DPOC. IOT ocorreu mais entre homens, com HAS e DM; aqueles com menor bicarbonato, BE e plaquetas, maior lactato e glicemia arterial, leucocitose, elevação de ferritina, PCR e DHL, hiponatremia e pior função renal. A ventilação mecânica aumentou o risco para óbito (RR=5,42) e hemodiálise (RR=7,29).
Doentes renais crônicos, transplantados de órgãos sólidos e cardiopatas necessitaram de diálise mais frequentemente. Apresentavam-se mais acidóticos, com diminuição de bicarbonato, BE, hemoglobina, leucócitos e plaquetas; elevação de PCR, DHL e D-dímero, e da calemia.
Discussão e Conclusões
Os óbitos concentraram-se em homens, pacientes mais velhos e com comorbidades, os quais apresentaram maiores taxas de internação em UTI, IOT e hemodiálise. Alterações em gasometria, hemograma e marcadores inflamatórios de entrada predizem a evolução para suporte ventilatório e terapia renal substitutiva, além da evolução para óbito.
A avaliação laboratorial dirigida, então, permite compreender quais pacientes demandarão mais recursos durante a internação. Incluir essa avaliação de forma padronizada durante emergências de saúde pública pode possibilitar melhor alocação de recursos em futuras pandemias.
Palavras Chave
COVID19; hemodiálise; internação; preditores
Área
COVID
Instituições
Escola Paulista de Medicina - UNIFESP - São Paulo - Brasil
Autores
VICTOR MUNIZ DE FREITAS, PEDRO MACIEL DE TOLEDO PIZA, LUÍS GUSTAVO MODELLI DE ANDRADE, ERIKA BEVILAQUA RANGEL