Dados do Trabalho


Título

LESAO RENAL AGUDA POR ETILENOGLICOL: RELATO DE CASO DE UM PACIENTE COM HISTORICO DE ETILISMO

Relato do Caso

DESCRIÇÃO DO CASO: Paciente do sexo masculino, 65 anos, admitido com fadiga e confusão mental há algumas horas. Familiar referiu ingesta de álcool no dia e, acidentalmente, de ITCOOLANT-ISOTECH (solução arrefecedora contendo etilenoglicol). História prévia de etilismo (3 doses de destilados/dia) e tabagismo (2 maços/dia). À admissão, paciente em mau estado geral, desidratado 1+/4+, confuso, ECG 12, PA 183x105 mmHg, FC=111bpm e FR=24irpm. Exames laboratoriais: Hb 16,3 g/dl, Ht 47,4%, Leucócitos 21.100/mm³, plaquetas 273.000/mm³ , Cr 1,1 mg/dl, Uréia 22 mg/dl, K 5,6 mEq/l, Na 141 mEq/l, Cloro 120 mEq/l, glicose 167 mg/dl, Cai 1,3 mmol/l, P 5,7 mg/dl, Mg 1,9 mg/dl, TGO 64 U/l, TGP 26 U/l, FAL 79 U/L, GGT 131 U/l, DHL 354 U/l BD 0,6 mg/dl, BI 0,3 mg/dl, CPK 244 U/l, PCR 0,2 mg/dl. Gasometria arterial: pH 6,86, HCO3 4,4, BE -31,2. Ânion Gap (AG) 25,5, Lactato 84 mg/dL. Urina I: pH 5,0, d 1,011, proteínas 1,5 g/dl, sangue +++, leucócitos 16.500, hemácias > 1.000.000, DE negativo. Paciente evoluiu com piora clínica, necessitando de intubação oro-traqueal e hemodiálise devido à hipercalemia e acidose metabólica refratária às medidas clínicas (solução bicarbonatada SG 5% 860mL + 140mL HCO3 8,4%, etanol 10% 650mL ataque e manutenção 65mL/h, Tiamina 300mg de 8/8 horas). Após hemodiálise, gasometria mostrou pH 7,31, HCO3 16,8, BE -8,4, Lactato 247 mg/dl e AG 23,2. Oxalato urinário 68 mg/g de creatinina (VR:16-48). Permaneceu em hemodiálise por mais 2 semanas, recuperando a função renal posteriormente. DISCUSSÃO: A intoxicação pelo etilenoglicol é um evento raro na prática clínica, podendo ocorrer de forma acidental ou deliberada, principalmente para substituir o álcool em pacientes etilistas, como foi descrito neste caso. O etilenoglicol é rapidamente absorvido pelo trato gastrointestinal. É metabolizado no ácido glicólico, que é responsável pela acidose metabólica com AG aumentado, e posteriormente nos ácidos glicoxílico e oxálico, sendo este último responsável pela nefrotoxidade (precipitação de cristais de oxalato de cálcio nos túbulos proximais). O tratamento inclui suporte clínico, etanol (redução da conversão do etilenoglicol em seus metabólitos tóxicos através da inibição da desidrogenase alcóolica) e hemodiálise. CONCLUSÕES: A identificação precoce da intoxicação pelo etilenoglicol através da história e do quadro clínico e laboratorial (acidose metabólica com AG aumentado, disfunção renal aguda, GAP lactato) é fundamental para a redução da morbimortalidade.

Palavras Chave

Etilenoglicol; injúria renal aguda; intoxicação; hemodiálise

Área

Injúria renal aguda

Instituições

UNIFESP-EPM - São Paulo - Brasil

Autores

KOODY ANDRE HASSEMI KITAWARA, BRUNO PELLOZO CERQUEIRA, JUAN DIEGO ZAMBRANO MÉNDEZ, RODRIGO DA NÓBREGA DE ALENCAR, YURI CAETANO MACHADO, DAVID WESLEI DE GODOY, MOHANA CYNARA ABREU DE MELO, LUCAS MARENGO DE MENEZES, CARLOS ALBERTO BALDA, ÉRIKA BEVILAQUA RANGEL