Dados do Trabalho


Título

CRISE RENAL ESCLERODERMICA, UMA COMPLICAÇAO GRAVE DA ESCLEROSE SISTEMICA

Relato do Caso

INTRODUÇÃO: Crise Renal Esclerodérmica (CRE) é considerada uma lesão em órgão alvo encontrada no início do curso da esclerose sistêmica (ES), com surgimento em torno de 3-5 anos após a primeira sintomatologia atribuível à ES. É uma doença de patologia ainda pouco compreendida, previamente considerada grave, com alta mortalidade, entretanto devido a evolução da intervenção terapêutica, tornou-se tratável e com melhor prognóstico. RELATO DO CASO: Paciente do sexo masculino, 55 anos de idade, procurou atendimento médico por dor em joelho direito, náuseas e fraqueza há 10 dias. Diagnóstico recente de esclerose sistêmica (biópsia de pele). Não fazia uso de nenhum medicamento até então. Exame físico dentro da normalidade, porém apresentava pressão arterial 200/140 mmHg (nunca teve pressão arterial elevada segundo avaliação anual na fábrica em que trabalha). Pressão arterial controlada com CAPTOPRIL 150 mg/dia e outros anti-hipertensivos. RESULTADOS: Hemoglobina 8,6g/dL; Creatinina 7,4mg/dl (março/2022 apresentava creatinina 0,9mg/dl); Urina tipo I: normal; Proteinúria: 884mg/24h. Foi Internado e indicado hemodiálise. Realizada biópsia renal: 1. Retração glomerular isquêmica; 2. Atrofia tubular multifocal com fibrose intersticial leve; 3. Nefrite túbulo-intersticial focal; 4. Arterioloesclerose hiperplástica com microangiopatia trombótica; 5. Hiperplasia fibrosa acentuada da íntima arterial. Comentários do anatomopatológico: Tendo em vista as características morfológicas encontradas, considerar lesão primária em compartimento vascular. A presença de comprometimento importante em ramos vasculares de maior calibre favorece a hipótese diagnóstica de Esclerose Sistêmica. DISCUSSÃO: Considerando diagnóstico prévio recente de ES, hipertensão arterial e insuficiência renal aguda, foi diagnosticado CRE. Passados 8 meses, paciente permanece em programa de hemodiálise, sem sinalização de recuperação da função renal. CONCLUSÃO: Pacientes com ES devem ter seguimento médico regular e a longo prazo. A ocorrência de CRE é rara, mas deve ser lembrada como uma complicação grave, particularmente quando do surgimento de hipertensão arterial e lesão renal aguda. Uso de corticoesteróides pode ser causa de agravamento. O uso precoce de inibidores da ECA, mesmo após início de hemodiálise, pode contribuir para recuperação da função renal.

Palavras Chave

Crise Renal Esclerodérmica, Esclerose Sistêmica, Hipertensão Arterial, Lesão Renal Aguda, Lesão vascular

Área

Nefrologia clínica

Instituições

PUC/SP - São Paulo - Brasil

Autores

BEATRIZ RIBEIRO FARINHA, MATHEUS ASSALI, NICHOLAS XAVIER SILVA, NADJA NEIFE HADDAD, RICARDO A M CADAVAL