Dados do Trabalho


Título

FATORES DE RISCO ASSOCIADOS A PRESENÇA DE HIPERTROFIA VENTRICULAR ESQUERDA NA DIALISE PERITONEAL

Introdução

A presença de hipertrofia ventricular esquerda (HVE) constitui indicador prognóstico desfavorável na doença renal crônica (DRC). Ainda permanecem dúvidas quanto à patogênese da HVE em diálise, particularmente na diálise peritoneal (DP). O objetivo do presente estudo é verificar quais fatores de risco possam se associar à presença de HVE em DP.

Material e Método

A partir de dados de prontuário eletrônico, foi realizado estudo transversal de portadores de DRC em DP, com idade superior a 18 anos que realizaram ecocardiografia entre 2015 e 2022. Os pacientes foram divididos em dois grupos: pacientes com HVE e pacientes com índice de massa ventricular esquerda indexada normal. Esses grupos foram comparados entre si quanto à idade, sexo, etnia, função renal residual, índice de massa corporal (IMC), Kt/V total, pressão arterial (PA) medida em consultório e parâmetros de bioimpedância elétrica. A análise estatística foi realizada a partir do teste t e os dados foram discutidos com nível de significância estatística (p<0,05).

Resultados

Foram estudados 89 pacientes. A média de idade foi de 57 ± 15,3 anos, 50 homens, 82 eram brancos. Os grupos foram homogêneos quanto às variáveis demográficas, de adequação dialítica e de função renal residual. Pacientes com HVE apresentaram maior índice de espessura relativa do ventrículo esquerdo (0,46 ± 0,09 versus 0,4 ± 0,06 ; p=0,0009) e maior volume do átrio esquerdo pela superfície corpórea (38,36 ± 8,33 g/m2 versus 29,99 ± 8,32 g/m2 ; p=0,00006) comparado àqueles sem HVE. A presença de HVE associou-se ao excesso de volume medido por bioimpedância unifrequencial (2,26 ± 3,56 L versus 0,77 ± 3,13 L ; p=0,04), ao descontrole pressórico (PA sistólica 143,44 ± 24,95 mmHg versus 126,14 ± 21,23 mmHg ; p=0,0007) e ao IMC (29 ± 5,9 Kg/m2 versus 26 ± 4,8 Kg/m2 ; p=0,003).

Discussão e Conclusões

A HVE é uma alteração ecocardiográfica comum em pacientes em diálise. Entretanto, poucos estudos avaliaram os fatores de risco da HVE em pacientes em DP. A relevância dessa análise é de sugerir fatores modificáveis na prática clínica que contribuam para a redução da HVE, que é fator independente de pior prognóstico em renais crônicos.
Os resultados deste estudo apontam que a presença de HVE concêntrica em DP associou-se ao excesso de volume, maior IMC e descontrole pressórico, independentemente do Kt/V total ou residual.

Palavras Chave

dialise peritoneal ; hipertrofia ventricular esquerda ; fatores de risco ; bioimpedância

Área

Doença renal crônica

Instituições

UNESP - São Paulo - Brasil

Autores

MARIANA WERNERSBACH CHAGAS, THAIS MARIM GONÇALVES, DAYANA BITENCOURT DIAS, VANESSA BURGUGI BANIN, FABIANA LOURENÇO COSTA, SILMEIA ZANATI GARCIA BAZAN, PASQUAL BARRETTI, LUIS CUADRADO MARTIN