Dados do Trabalho
Título
AVALIAÇAO DO PERFIL DE CITOCINAS NA UVEITE SIFILITICA E SUAS CORRELAÇOES CLINICAS
Objetivo
A sífilis, infecção sexualmente transmissível causada pelo Treponema pallidum, apresentou aumento de sua incidência nas últimas décadas, com subsequente aumento dos casos de uveíte sifilítica. A sífilis ocular, apesar de pouco frequente, pode levar a sequelas visuais. O papel das citocinas na resposta imunocelular não é completamente compreendido nessa infecção, existindo lacunas no entendimento de sua fisiopatologia. Assim, objetiva-se caracterizar o perfil de citocinas no plasma do sangue periférico e no humor aquoso de pacientes com uveíte sifilítica, comparar com indivíduos sem afecções oculares e correlacioná-lo a parâmetros clínicos.
Método
Trata-se de um estudo transversal intervencional comparativo conduzido com indivíduos que tiveram diagnóstico clínico-sorológico de uveíte sifilítica no HC-UFMG, no período de março de 2022 a abril de 2023. Nesse período, 15 pacientes foram incluídos no grupo dos casos e 20 pacientes recrutados para o grupo controle. Realizou-se exame oftalmológico, coleta de humor aquoso e sangue periférico de todos os participantes, com posterior dosagem de citocinas nos fluidos coletados. A análise estatística comparou a concentração de citocinas e as variáveis de interesse entre os grupos por meio de testes não-paramétricos, adotando-se nível de significância estatística de 5%.
Resultados
A análise clínico-epidemiológica dos casos revelou predominância de pacientes do sexo masculino (66,7%) na quinta década de vida e uma maioria de indivíduos negros ou pardos (80%). A análise da concentração de citocinas no plasma revelou diferença, com aumento em relação ao grupo controle, somente nos níveis de CXCL10 e CCL4. À avaliação do humor aquoso dos casos, observou-se maiores concentração de citocinas de perfil Th1 (IFN-g; IL-2 e TNF-a), Th2 (IL-4; IL-5; IL10; IL-13), Th17 (IL-17) e quimiocinas (CXCL10; CCL3; CCL4 e CCL5), quando comparado ao grupo controle. Além disso, evidenciou-se diferença na concentração de citocinas no humor aquoso dos pacientes a depender da fase sistêmica da sífilis.
Conclusões
Os casos de uveíte sifilítica possuem maiores concentrações de citocinas em humor aquoso, sugerindo um processo inflamatório localizado, não sendo possível definir um único perfil de resposta imunoinflamatório. A correlação das citocinas com os parâmetros clínicos foi limitada pelo tamanho amostral e pelo desenho transversal do estudo. Destaca-se assim a necessidade de estudos longitudinais para uma melhor compreensão da resposta imunoinflamatória na sífilis ocular.
Palavras Chave
Sífilis ocular, uveíte sifilítica, Treponema pallidum, citocina, inflamação
Área
Uveítes
Instituições
Hospital São Geraldo HC-UFMG - Minas Gerais - Brasil
Autores
Bernardo Bahia Finotti, Daniel Vitor de Vasconcelos Santos