Dados do Trabalho

Título

CICLITE HETEROCROMICA DE FUCHS ASSOCIADA A TOXOPLASMOSE

Objetivo

Descrever quadro de ciclite heterocrômica de Fuchs (CHF) em paciente com cicatrizes retinianas supostamente toxoplásmicas.

Relato do Caso

Feminino, 42 anos, encaminhada com suspeita de CHF e catarata no OD. Referia baixa acuidade visual (AV) neste olho, negando sintomas de inflamação ativa. Relatava convulsões desde o período neonatal, em uso de carbamazepina e clonazepam.
Ao exame, AV era de 20/63 no OD e 20/50 no OE e pressão intraocular de 14 mmHg em ambos os olhos (AO). À biomicroscopia, OD era calmo, com precipitados ceráticos (PKs) finos estrelados difusos, rede de fibrina endotelial e reação de câmara anterior 1+/4+. Coexistiam heterocromia iriana, celularidade vítrea 2+/4+ e catarata subcapsular posterior no eixo visual do OD. OE sem alterações. À fundoscopia, observavam-se cicatrizes parcialmente pigmentadas de retinocoroidite compatíveis com toxoplasmose, em região peridiscal em AO, na periferia temporal do OD e na fóvea do OE. Sorologia positiva (IgG) apenas para toxoplasmose. Diante da maior atribuição da baixa AV às cicatrizes no polo posterior que à catarata no OD, optou-se por acompanhamento da paciente.

Conclusão

A CHF é uma uveíte anterior crônica geralmente unilateral e multifatorial, de diagnóstico clínico. Entre seus fatores etiológicos, tem-se a infecção por rubéola e pelo citomegalovírus. Raramente, entretanto, pode ser atribuível à toxoplasmose ocular, como neste caso. O risco de desenvolvimento de catarata e glaucoma é elevado, sendo imprescindível acompanhamento a longo prazo.