Dados do Trabalho

Título

MUCORMICOSE GASTRICA NO POS-OPERATORIO TARDIO DE TRANSPLANTE DUPLO FIGADO-RIM: RELATO DE CASO.

Introdução

Paciente de 57 anos com antecedente de doença hepática e renal policística (2000) em terapia de substituição renal desde janeiro de 2019.

Relato do Caso

Realizou transplante duplo fígado-rim, sem intercorrências, em janeiro de 2023, recebendo alta no 8º PO. Foi reinternado no 17o PO por dor abdominal, punção de líquido ascítico revelou peritonite polimicrobiana, recebendo tazocin e anidulafungina, com melhora clínica. Evoluiu com episódio de melena, sendo realizada endoscopia digestiva alta, que mostrou lesão ulcerada e necrótica na grande curvatura gástrica, medindo 15x25mm. Anatomopatológico diagnosticou mucormicose, e PCR do tecido identificou Rhizopus microsporus. Foi iniciada anfotericina B lipossomal em altas doses, além de redução de imunossupressão com suspensão de micofenolato sódico e diminuição da dose de tacrolimus e prednisona.

Resultados

Realizada EDA de controle com melhora significativa e progressiva da lesão necrótica. Não apresentou mais episódios de melena e houve melhora do apetite.

Discussão e Conclusões

A mucormicose é uma doença fúngica rara cujos fatores de risco são: diabetes descompensado, uso de corticoide, doenças hematológicas, transplante de medula óssea e de órgãos sólidos. A apresentação clínica é bastante variada, com as formas mais comuns sendo rino-órbito-cerebral, pulmonar e cutânea. A apresentação em sua forma gastrointestinal é ainda mais rara, sendo mais comum em recém-nascidos prematuros e em transplante de órgãos sólidos. O tratamento ideal preconizado baseia-se na combinação de reversão dos fatores de risco, uso de antifúngico, e ressecção cirúrgica com margens livres. Trata-se de um caso raro de mucormicose do trato gastrointestinal, de diagnóstico precoce, evoluindo com melhora a despeito de ausência de tratamento cirúrgico.

Palavras Chave

Transplante duplo, Mucormicose, Antifúngicos.