Dados do Trabalho

Título

RECUSA FAMILIAR PARA DOAÇAO DE ORGAOS: UMA ANALISE COMPARATIVA PRE E POS PANDEMIA DE COVID-19

Introdução

Conhecer os motivos que levam à recusa familiar da doação é útil para compreender possíveis lacunas no processo de captação de órgãos e na comunicação com a família, bem como auxiliar na elaboração de estratégias educacionais visando a diminuição da negativa familiar.

Material e Método

Trata-se de uma análise retrospectiva de dados fornecidos pelo CTO-Ba com 3615 pacientes notificados como provável morte encefálica (ME) no período que compreende 03 (três) anos antes da pandemia e 03 anos durante e após a emergência da COVID-19 (2017-2022).

Resultados

A recusa familiar foi a principal causa de não doação efetiva de órgãos em ambos os períodos pré e pós-pandemia de COVID-19 (51,1% dos casos), superando as contra indicações médicas e a faixa etária fora do ideal para a doação. Não foi demonstrado diferença significativa entres os dois triênios em relação a taxa de não doação efetiva (p=0,089), mas houve mudanças nas motivações das recusas. A maior diferença entre os períodos foi na justificativa de não aguardar o processo de captação dos órgãos, que aumentou de 9,2% no período pré para 18,8% desde o início da pandemia, com diferença significativa entre valores absolutos (p= 0,027). O desejo do corpo íntegro foi um dos principais motivos de recusa nos dois períodos.

Discussão e Conclusões

Assim como demonstrou Pessoa et. al. (2013) e Leblebici (2020), a recusa familiar foi a principal causa de não doação efetiva em nosso estudo, diferente de Leblebici (2020), em que as principais causas de recusa familiar foram as preocupações religiosas e a desconfiança no sistema de saúde, e Pessoa et al. (2013), em que a não compreensão do diagnóstico de morte encefálica (21%) como a principal causa de recusa familiar. A emergência da COVID-19 não afetou o número absoluto de doações, mas possivelmente as motivações.

Palavras Chave

Recusa familiar
Doação de órgãos
Transplante