Dados do Trabalho

Título

TRANSPLANTAÇAO RENAL EM DOENTES VIH: EXPERIENCIA PORTUGUESA

Introdução

A melhoria do prognóstico da infeção VIH tornou muitos destes doentes elegíveis para transplante renal (TR).

Material e Método

Estudo observacional retrospectivo de doentes com infeção VIH submetidos a TR nas 7 Unidades de Transplantação portuguesas entre 2009 e 2023.

Resultados

Neste período, realizaram-se 69 TR (follow up >1 mês), sendo 68% masculinos e idade média de 49±13 anos. A duração mediana da infecção HIV era de 12 anos, 12% eram VIH-2, 23% com co-infecção VHC e 10% VHB. A mediana do tempo em diálise foi de 79 meses (88% em hemodiálise).
A terapêutica de indução foi administrada em 67 doentes, 54% com acs antilinfocitos (54%). Manutenção com tacrolimus, MMF e prednisolona, 16 doentes convertidos a everolimus e 1 a belatacept.
Ocorreram episódios de rejeição aguda (RA) em 33% dos doentes, 52% dos quais no 1ºmês. No total, verificaram-se 31 episódios de RA, a maioria celular (67%). A rejeição foi menos frequente no grupo acs antilinfocitos (22%), em relação ao grupo basiliximab (42%) e sem indução (100%).
Observou-se escape viral em 4 doentes, por inadesão e com resposta à reinstituição da terapêutica.
Infeções com necessidade de internamento ocorreram em 45% doentes, incluindo 4 episódios de infeções oportunistas (Mycobacterium intracelullare, aspergilose, nocardiose e candidemia).
Seis doentes desenvolveram neoplasia maligna, duas associadas a vírus (S. Kaposi e carcinoma canal anal).
O follow-up mediano foi de 41 meses, com creatininémia 2,2±1,4 mg/dl (eTFG=45±24 ml/min). A sobrevida do enxerto (censurada para a morte) foi de 80% e a sobrevida do doente foi de 86%.

Discussão e Conclusões

O TR é uma opção viável em doentes VIH, com tempos de sobrevida e taxas de complicações (excluindo rejeições) sobreponíveis às da população geral de transplantados renais.

Palavras Chave

Transplante renal, infeção VIH, rejeição, sobrevida