Dados do Trabalho

Título

NEFRITE LUPICA DE INICIO TARDIO APOS VACINAÇAO COVID-19 NO TRANSPLANTE RENAL: RELATO DE CASO E REVISAO DA LITERATURA

Introdução

Inúmeras doenças renais “de novo” e recorrentes foram reportadas após a vacinação COVID-19, incluindo casos raros de nefrite lúpica (NL). A incidência de NL de início tardio no transplante renal (TR) é incomum e associa-se a manifestações potencialmente menos graves.

Relato do Caso

Homem, 66 anos, glomerulonefrite crónica de etiologia desconhecida, submetido a transplante renal de dador cadáver há 34 anos. Imunossupressão de indução com CsA, azatioprina e prednisolona (PDN) e manutenção com PDN e CsA, com disfunção crónica do
enxerto (Cr 1,75mg/dL). Admitido por edema progressivo dos membros inferiores imediatamente posteriores à quarta dose da vacina BNT162b2 mRNA COVID-19.

Resultados

O sedimento urinário revelou 2-5 eritrócitos/campo, rácio P/Cr urinária 8g/g e Cr sérica 6,59mg/dL. Estudo imunológico com ANA 1:640, anti-dsDNA 1:160, anticorpo anti-histona 37UI/mL e consumo sérico de C3 e C4. A biópsia do enxerto renal mostrou um padrão proliferativo difuso com espessamento da membrana basal glomerular e presença de crescentes celulares, cariorrexis e necrose fibrinóide. A IF mostrou depósitos granulares de C3 (++), C1q (++), IgG (++), IgA (+++) e de IgM (+). A imunomarcação C4d nos capilares
peritubulares foi negativa. Foi estabelecido o diagnóstico de NL classe IV mais V (score de atividade e cronicidade NIH 8 e 3,
respetivamente). Iniciou tratamento com Ig humana IV e PDN oral (0,75mg/kg/d), sem resposta e evolução com falência do enxerto.

Discussão e Conclusões

A baixa incidência de LES no sexo masculino, a gravidade atípica para LN de início tardio e a presença de Ac anti-histonas sugerem a possibilidade de uma reação autoimune semelhante ao LES induzido por fármacos. Contudo, não é possível excluir que se trate de uma recorrência da NL 34 anos após o TR.

Palavras Chave

Imunologia, glomerulonefrite, vacina