Dados do Trabalho

Título

AS OUTRAS FACETAS DO TACROLIMUS

Introdução

O tacrolimus (TAC) tem um papel fulcral nos esquemas de imunossupressão da transplantação renal. Existem situações de reações adversas severas (RAS) atribuíveis ao TAC que exigem a sua suspensão e seleção de alternativas terapêuticas. Reportam-se quatro casos de RAS ao tacrolimus num Centro.

Material e Método

Selecionados doentes com RAS atribuíveis ao TAC entre fevereiro de 2020 e dezembro de 2022.

Resultados

No período descrito, realizaram-se 269 transplantes e observaram-se 4 RAS ao TAC. Três doentes eram do género feminino e a idade média era 57,5 anos. A etiologia da doença renal crónica era nefrite intersticial crónica (n=2), glomerulonefrite crónica (n=1) e indeterminada (n=1). Todos faziam diálise peritoneal, em média há 38,3 meses. Todos receberam imunossupressão de indução com basiliximab, tacrolimus, micofenolato e metilprednisolona.
Os quatro casos desenvolveram a sintomatologia nos primeiros três meses pós-transplantação: um caso com quadro neurológico de instalação insidiosa, com lentificação psicomotora e amnésia; segundo caso com quadro reumatológico caraterizado por poliartralgias migratórias e incapacidade funcional marcada no contexto de tenossinuvite difusa de ritmo inflamatório; um terceiro caso de hemorragia digestiva aguda no contexto de úlceras digestivas de todo o tracto digestivo e um quarto caso de disfunção grave do enxerto com microangiopatia trombótica (MAT). Em três dos doentes ocorreu conversão para ciclosporina e a doente com MAT foi convertida para belatacept. Houve regressão da sintomatologia em todos os casos com a suspensão do TAC.

Discussão e Conclusões

Pretende-se demonstrar algumas das reações adversas mais severas do TAC, muitas vezes de difícil diagnóstico, com grande impacto na qualidade de vida do doente e sobrevida do enxerto.

Palavras Chave

Tacrolimus; Reações Adversas Severas; Transplantação Renal; Algoritmo de Naranjo;