Dados do Trabalho

Título

AUSENCIA DE IMPACTO DA HIPERCALCEMIA EM DESFECHOS CLINICOS NO POS-TX RENAL

Introdução

A hipercalcemia é uma complicação muito prevalente no pós-transplante renal e está associada a persistência do hiperparatireoidismo (HPT-p), aos depósitos de cálcio em biopsia renais, à perda de massa óssea, à fratura e à disfunção ou perda do enxerto. Nosso objetivo foi avaliar o impacto da persistência da hipercalcemia em complicações clínicas até 2 anos após o transplante renal (TxR).

Material e Método

Coorte retrospectiva observacional de TxR adultos de jan/17 a mai/19. Dividimos os pacientes no final do 3ºmês em Normocalcemia(NCA) (CaT ≤ 10,2 mg/dL) e Hipercalcemia(HCA) (CaT >10,3 mg/dL). Comparamos nos 2 grupos o CaT, P, FA,PTH e Creat no 3ºm, 6ºm, 12ºm e 24ºm. Comparamos entre os grupos os eventos cardiovasculares maiores(ECVM) (AVC, DAOP, IC, IAM, Angina), rejeições (agudas e crônicas), infecções (bacteriana,COVID,CMV), PTX (pré e pós TxR), perda do enxerto censurada para morte (PECM) e mortalidade.

Resultados

Incluímos 176 pacientes de 204 que realizaram TxR e excluímos 28 pacientes. Tivemos 65 pacientes no grupo HCA e 111 no NCA. Não houve diferença entre os grupos quanto ao tipo de doador, idade, gênero, Creat e PTX pré-TxR. O grupo HCA apresentou maior tempo em diálise [6,5(5,4-7,6) x 4,5(3,9-5,2) anos,p=0.0026] e maior necessidade PTX pós-TxR [OR 17.8,p<0.0001]. O CaT não se correlacionou com o PTH. O CaT se correlacionou com a FA no 3ºm[p=0.014] e 6ºm[p=0.003] no grupo HCA. O grupo HCA apresentou menos rejeição [OR 0.36, p=0.03]. Não houve diferença na prevalência entre os grupos em relação aos ECVM e infecções, PECM e morte.

Discussão e Conclusões

Pacientes HCA evoluíram com maior necessidade de PTX mas não com pior desfecho clínico. Não avaliamos o impacto na perda óssea nem na histologia óssea. Precisamos definir melhor quais pacientes com HCA necessitarão de tratamento do HPT-p com Cinacalcete ou PTX.

Palavras Chave

hipercalcemia, transplante renal, impacto clinico