Dados do Trabalho

Título

HEMATURIA SECUNDARIA A TUBERCULOSE GENITOURINARIA – UM CASO CLINICO

Introdução

Apresentamos um caso de hematúria macroscópica secundária a infeção oportunista em doente transplantada renal.

Relato do Caso

Mulher 54 anos, natural de São Tomé e Príncipe, com DM 2, HTA e DRC (etiologia indeterminada) em HD desde 2013. Transplante renal de dador falecido em 09/2021. Isogrupal, 5 mismatches, PRA 84%. IS de indução com Ig anti-timócito e Ig e de manutenção com iFK, MMF e PDN. Após alta estabilização de creatinina sérica em 1.2 mg/dL.
Ano e meio após o transplante renal, iniciou hematúria macroscópica, febre vespertina e infeções urinárias recorrentes pelo que foi internada para esclarecimento. Na admissão destacava-se leucocitúria sem bacteriúria, proteína C-reativa e velocidade de sedimentação elevadas, hipercalcémia, défice de vitamina D e PTHi aumentada. TC torácica com micronódulos periféricos bilaterais e nódulo paratiróide. Ecografia do enxerto renal e vesical evidenciou espessamento ureteral pelo que realizou cistoscopia que mostrou trigonite extensa cuja biópsia evidenciou granulomas epitelióides sem necrose e com pesquisa negativa de BAAR. IGRA positivo. Dada demora do estudo micobacteriológico no sangue e urina, decidiu-se pesquisar DNA de micobactérias na urina que foi + para M. tuberculosis, o que permitiu célere início do tratamento antibacilar (HRZE).

Resultados

Após alta não voltou a ter hematúria, a função renal manteve-se estabilizada e foi referenciada para cirurgia por provável adenoma hiperparatiroideu.

Discussão e Conclusões

Apesar das culturas micobacteriológicas permanecerem o gold standard no diagnóstico de tuberculose, os resultados podem demorar várias semanas condicionando atrasos de diagnóstico. O TAAN para M. tuberculosis apresenta elevada sensibilidade e, tendo em conta a rapidez no diagnóstico, deve ser sempre equacionado se suspeita de tuberculose urogenital.

Palavras Chave

Tuberculose genitourinária
Transplante renal
Mycobacterium tuberculosis