Dados do Trabalho

Título

POR QUE AS FAMÍLIAS DE DOADORES ELEGÍVEIS RECUSAM A DOAÇÃO DE ÓRGÃOS PARA TRANSPLANTES?

Introdução

O maior obstáculo para aumentar o número de transplantes está na escassez de órgãos. A doação de órgãos é autorizada pelas famílias de potenciais doadores, segundo legislação brasileira. A recusa familiar ainda apresenta elevados índices, o que impacta na efetivação de doações. Objetivo: Descrever os motivos de recusa apresentados por familiares de doadores em morte encefálica (ME) em Goiás.

Material e Método

Trata-se de um estudo descritivo, transversal e retrospectivo. Os dados foram obtidos na Central Estadual de Transplantes em Goiás, de janeiro de 2019 a dezembro de 2022.

Resultados

Dentre as 1.825 notificações de ME realizadas em Goiás, no período, foram feitos 1.075 diagnósticos de ME (59% de doadores elegíveis). A taxa média anual de potenciais doadores, em Goiás, foi de 63 pmp (por milhão de população), ficando acima da média nacional (56 pmp). Dos 1.075 doadores elegíveis, efetivaram-se 322 doações (30%). A taxa média anual de doadores efetivos ficou em 11 pmp, em Goiás e 16 pmp, no Brasil. Foram realizadas 1.061 entrevistas com familiares, onde 387 (36%) aceitaram doar e 674 (64%) negaram a doação. Das 674 entrevistas que resultaram em não doação, os principais motivos foram 25% por doador contrário à doação em vida, 23% por manter integridade do corpo, 21% por receio na demora do processo e 20% dos familiares eram contrários à doação.

Discussão e Conclusões

A principal causa de não doação de órgãos é a não autorização familiar, sendo o motivo mais frequente o doador, em vida, ser contrário à doação, seguido do medo da desfiguração do corpo. É um árduo desafio para as equipes de saúde reduzir essa elevada recusa familiar. O caminho é conscientizar a população da importância da doação, explicar com clareza todo o processo de ME e recomposição do corpo, porém sem desrespeitar a autonomia da pessoa em vida.

Palavras Chave

Doação de órgãos; recusa familiar; transplantes