Dados do Trabalho

Título

Transmissão de tuberculose pelo enxerto renal

Introdução

A tuberculose tem apresentação atípica e é associada a alta morbimortalidade no pós transplante, resultado de reativação de infecção latente do receptor ou raramente da transmissão pelo órgão transplantado.

Relato do Caso

Relato de caso.

Resultados

J.L.M.S., masculino, 66 anos, CMV negativo, PRA zero, sem histórico de tuberculose, submetido a transplante renal doador falecido em 23 de abril de 2023. Doador 56 anos, etilista, em situação de rua. Apresentava creatinina de 1 mg/dl, anti-HBC total, CMV IgG e VDRL reagentes. Causa do óbito foi encefalopatia anóxica. Indução com thymoglobulina. Recebeu alta em 4 de maio com creatinina de 1,6 mg/dl em uso de tacrolimo, micofenolato e prednisona.
Em 6 de maio, internado com febre e piora de função renal. Biópsia revelou NTA e arteriosclerose hialina intensa. Realizadas culturas, pesquisa de virus e antígenos fúngicos negativas; LCR, tomografias de tórax e abdome e ECO TE sem alterações. O PCR para CMV foi positivo, iniciado ganciclovir e antibioticos empíricos. Em 22 de maio, suspendeu-se imunossupressão por persistência de febre. Nova tomografia revelou imagens ovaladas no enxerto renal. Foi realizada retirada do enxerto, com microabscessos na superfície. Houve crescimento de Mycobacterium tuberculosis em hemo e uroculturas; coloração de Ziehl Neelsen positiva no tecido do enxerto. Iniciado COXCIP4, com estabilização clínica.

Discussão e Conclusões

A tuberculose transmitida pelo enxerto renal é rara e de ocorrência precoce no pós transplante, associada a significativa morbi-mortalidade e elevado risco de disseminação sistêmica. A principal estratégia para evitar a transmissão é triagem e identificação dos doadores de risco. O tratamento deve ser imediato, bem como comunicação entre os centros transplantadores para tratamento dos receptores dos outros órgãos do mesmo doador.

Palavras Chave

Tuberculose; Transplante renal; doador de órgãos