Dados do Trabalho

Título

O IMPACTO DOS ORGAOS DE DOADORES DE CRITERIOS ESTENDIDOS NO DESFECHO CLINICO APOS O TRANSPLANTE DE FIGADO

Introdução

Embora associado com maior mortalidade pós-operatória, o uso de órgãos de doadores de critério estendido (DCE) para transplante é necessário para suprir a demanda pelo procedimento. Este estudo objetiva avaliar o impacto do uso de órgãos de DCE na sobrevida dos pacientes e enxertos após o transplante de fígado.

Material e Método

Estudo observacional retrospectivo de transplantes entre 2016 e 2020 no Hospital Israelita Albert Einstein. Variáveis clínicas, demográficas, presença de critérios de marginalidade do Manual da Eurotransplant e scores de gravidade (D-MELD, DRI e BAR) foram correlacionadas com os desfechos óbito e retransplante.

Resultados

Dentre os 414 participantes, o vírus da hepatite C foi a etiologia mais frequente (29%) e a mediana de MELD 18 (IIQ: 13-25). 62% dos doadores (n=258) eram DCE (≥1 critério de marginalidade), sendo que 23% (n=97) apresentavam 2 critérios e 9% (n=36) apresentavam ≥3 critérios. A sobrevida dos pacientes em um e cinco anos após o procedimento foi de 89,5% e 82,5%, respectivamente, sendo que não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos de DCE e doadores padrão (Logrank test, p=0,074). Entre os scores testados, o BAR foi o único que apresentou impacto na sobrevida tanto do paciente quanto do enxerto (Logrank test; p<0,001). O modelo de regressão de Cox identificou que um aumento de um ponto no score, aumenta o risco de óbito em 7,3% (HR=1,073; IC 1,016-1,133; p=0,012) e de perda do enxerto em 17,4% (HR=1,174; IC 1,073-1,284; p<0,001). A taxa de não função primária foi de 3% e a de perda de enxerto de 6%.

Discussão e Conclusões

Os resultados deste estudo favorecem a utilização de órgãos de DCE. O BAR score foi efetivo em predizer um desfecho desfavorável e deve ser considerado na prática clínica rotineiramente.

Palavras Chave

Transplante de fígado
Doação de Órgãos
Doadores de critérios estendidos