Dados do Trabalho


Título

SINDROME MASCARADA: MELANOMA DE COROIDE SIMULANDO UVEITE

Introdução

Síndrome mascarada é um grupo de doenças que se revelam como uma inflamação intraocular aguda ou crônica por uma causa não imunomediada¹. Neste relato, mostraremos um caso de síndrome mascarada secundário a melanoma de coróide em paciente jovem.

Métodos

Paciente feminino, caucasiana, 43 anos, referenciada ao setor de Oncologia ocular da FMABC por baixa acuidade visual progressiva em olho esquerdo (OE) há 02 anos. Acompanhava em serviço externo por uveíte crônica OE há 7 meses, associada a catarata e glaucoma, já em uso de colírios de atropina e dexametasona de 12/12 horas OE.
Ao exame oftalmológico, apresentava olho direito (OD) sem alterações e OE com acuidade visual sem percepção luminosa, biomicroscopia anterior com atalamia, seclusão pupilar, catarata total e dispersão pigmentar, e mapeamento de retina (MR), impraticável. Realizado ultrassom ocular (USG) OE com achado de lesão intraocular sobrelevada em aspecto de cogumelo, refletividade aumentada na superfície e interna decrescente ao modo A (ângulo kappa), áreas de vascularização interna e de vazio acústico, sugestiva de melanoma de coróide.
Indicado enucleação de OE e solicitado exames de imagem para rastreio de doença metastática.
A amostra foi submetida a estudo anatomopatológico, o qual confirmou o diagnóstico de melanoma de coróide misto com predomínio de células fusiformes; estadiamento pT3a.

Resultados

O melanoma uveal é o tumor intraocular mais comum em adultos, com predomínio em idades avançadas, sexo masculino e caucasianos². O sítio mais acometido é a coróide (90%), seguido por corpo ciliar (6%) e íris (4%)³. Os melanomas uveais são divididos em: células fusiformes (constituídas apenas por elas e com melhor prognóstico) e células mistas (combinação de células fusiformes e epitelióides)². A base do diagnóstico é a fundoscopia seriada, associada a USG e tomografia de coerência óptica com imagem de profundidade aprimorada (EDI-OCT)³. Ressecção, radioterapia e enucleação são as opções de tratamento mais utilizadas, não sendo preciso do diagnóstico anatomopatológico para iniciá-las³. As síndromes mascaradas que incluem melanoma uveal são diagnosticadas em 5% de pacientes com uveítes¹.

Conclusões

Considerando-se que são tumores que possuem alta tendência a metástase e são associados a altas taxas de mortalidade³, o caso relatado é uma representação da complexidade em se diagnosticar as síndromes mascaradas, infelizmente resultando em atraso no manejo adequado e pior prognóstico global.

Palavras Chave

Uveites, síndrome mascarada, melanoma uveal

Arquivos

Área

ONCOLOGIA

Categoria

RESIDENTE OU FELLOW

Instituições

Centro universitario faculdade de medicina do ABC - São Paulo - Brasil

Autores

DANIELA MELLO TONOLLI, JULIANA YUMI KINJO, LIVIA MOURA ALVARES, ANA CAROLINA FERRARI NASSAR, NICOLAS PEDROSA OLEINIK, PRISCILLA BALLALAI BORDON