Dados do Trabalho


Título

ENXAQUECA OFTALMOPLEGICA - UMA ETIOLOGIA POUCO CONHECIDA DE DIPLOPIA AGUDA

Introdução

A enxaqueca oftalmoplégica (EOP) é uma condição incomum, com forte componente familiar. Alguns mecanismos fisiopatológicos foram descritos (compressivo, isquêmico e desmielinizante), com pouco consenso na literatura sobre o mecanismo predominante. Manifesta-se como cefaleia unilateral acompanhada de paresia de nervos cranianos ipsilaterais, sendo importante diagnóstico diferencial para diplopias no setor de emergência. Relataremos abaixo um caso de enxaqueca oftalmoplégica encontrado em nosso serviço, com evolução favorável.

Métodos

Análise de prontuário e revisão da literatura.

Resultados

Paciente de 39 anos, feminino, procedente de São Paulo, queixando de cefaleia há 1 semana, buscou pronto-socorro após surgimento de “visão dupla”.
Ao exame, apresentava melhor acuidade visual de 20/20 em ambos os olhos, reflexos inalterados, sem alterações à biomicroscopia, fundoscopia e pressão intraocular. Na motricidade ocular extrínseca, foi percebida exotropia na posição primária de olhar (2 DP) e supraversão (5 DP), associada a hipertropia (4DP) do olho direito. Apresentava graduação de -2 de reto superior direito em supra-dextro-versão e +1 de oblíquo inferior direito em supra-levo-versão, com redução do desvio nas infraversões. Também cursava com nistagmo torcional nas posições extremas do olhar.
Inicialmente foi solicitada ressonância nuclear magnética de crânio e órbitas, sem alterações significativas. Também foram realizados exames laboratoriais, punção liquórica e eletroencefalograma, todos sem achados dignos de nota.
Nesse contexto, a principal hipótese aventada foi de EOP. Iniciou-se tratamento com oclusão de alívio, intercalando os olhos a cada 24h, além de analgésicos e anti-inflamatórios não esteroidais para a cefaleia. Após 10 dias, paciente já referia melhora, queixando-se apenas de discreta diplopia em dextro e dextro-supra versões, apresentando exotropia (1DP) e hipertropia do olho direito (1DP) na posição primária de olhar. Após 1 mês, referia ausência total de sintomas, sem desvios perceptíveis ao exame.

Conclusões

A EOP tem seu diagnóstico feito pela clínica, devendo preencher determinados critérios pré-estabelecidos e após afastar causas ameaçadoras à vida, como neoplasias e causas vasculares. O desvio pode persistir por semanas a meses, porém é tipicamente auto-limitado. Em casos de persistência, pode-se avaliar o uso da toxina botulínica ou intervenções cirúrgicas. Embora raro, consideramos que seu diagnóstico deve fazer parte do arsenal do oftalmologista geral.

Palavras Chave

Enxaqueca Oftalmoplégica; Cefaleia; Estrabismo; Diplopia

Arquivos

Área

ESTRABISMO

Categoria

RESIDENTE OU FELLOW

Instituições

Escola Paulista de Medicina - EPM / UNIFESP - São Paulo - Brasil

Autores

PEDRO LEITE COSTA FRANCO, SIMONE AKIKO NAKAYAMA, NILCE TIEMI SHIWAKU KAMIDA